A
vida do sentido proibido
O
escoamento do líquido adormecido
Nas
mãos do sem-abrigo
Esquecido
Faz
da cidade
O
amor em quadriculadas paixões de medo
Dorme
acreditando que não acordará mais
Sonha
com triângulos de luz
Saltitando
no tecto do desejo
A
vida
Esta
vida
Embrulhada
no invisível beijo
Não
o vejo
Meu
amor
Deixei
de o ver desde o dia do Adeus
Quando
os Cacilheiros da nossa cama
Se
afundaram no poço do prazer
Tínhamos
os livros exilados
Das
tempestades do sofrimento
E
mesmo assim
A
vida do sentido proibido
Não
brinca dentro de nós
O
cigarro nos teus dedos
E
nunca fumaste
Imaginava-te
em frente do espelho da solidão
Procurando
rugas
E
aranhas zangadas com o silêncio
Dos
teus peixes
Meu
amor
As
espinhas
E
o pó dos Oceanos enferrujados
Os
barcos de água
Galgando
as coxas da inocência
Como
um bolo
De
chocolate
Na
boca de uma criança
Dormíamos
com o Tejo pintado no teu corpo
Regressavam
os petroleiros
E
sentíamos os apitos das gaivotas de aço
Poisando
Em
pequenas plataformas de espuma
Até…
até adormecerem no teu colo
Olhava-as
Fazia-lhes
festas como se fossem os nossos filhos
Que
nunca viram a madrugada
Nem
a manhã
Dançando
nos teus lábios
Tínhamos
o mundo dos vulcões de areia
E
as pinceladas conchas do primeiro abraço
Tínhamos
os socalcos do Douro
Encurvados
nas lâminas da insónia
E
o vento folheava o teu cabelo
Entre
espadas e balas de amêndoa
Canso-me
Meu
amor
Da
escrita e das palavras
Dos
livros
E
das coisas parvas
Canso-me
das fotografias que me tiraram na infância
Sempre
o mesmo ranhoso
Sempre…
Sempre
a mesma sombra sobre os ombros
Frágeis
Magoadas
conversas
Nós
Perdidos
num jardim de província
Sem
barcos
Sem
Calçadas
Sem
gajas
Nem
gajos
À
pedrada
À
pancada
Como
os Monstros do Tejo
Quando
dormíamos
E
entravam nos nossos corpos de néon
Faziam-nos
o que não queríamos fazer
E
nós
Impávidos
Perdidos
num jardim de província
A
declamarmos poesia roubada na Feira da Ladra…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
19 de Abril de 2015
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