Os
colchões de areia do Mussulo
A
hipotenusa brincando no quadrado
E
num pulo
O
mar
Esboçado
nas trincheiras da melancolia
A
dor
Adquiríamos
as ventosas do desejo
Debaixo
dos abraços cinzentos
Nos
telhados de vento
O
tempo indisponível
Tente
mais tarde
Ouvia-a
depois da luz se extinguir
Nos
rochedos negros do púbis
Havia
música nas janelas que o luar desenhou
Nas
tuas coxas
Deus
brincava nos teus pincelados lábios
Pedia-lhe
Não
me respondia
A
fala
A
palavra prometida
Assustava-me
E
fugia
Libertava-me
do incenso
E
das canetas de prata
Alimentava-me
dos brinquedos em plástico
Entre
as sombras das mangueiras
Os
homens
As
mulheres
Ao
portão…
Abraçava-me
Beijava-me
E
no entanto
Era
apenas uma fotografia
Sem
pátria
Que
gemia
E
não sentia
E
havia
Nos
seus ombros
Um
triciclo envenenado pela fogueira da paixão
Eu
Eu
tremia
Sem
saber que o barco me levava
Nunca
mais me trazia
A
esta terra sem capim
Nem
árvores de veludo
O
teu corpo imaginava-se nos tristes arvoredos do sonho
Antes
de adormecer
Eu…
eu escrevia
Olhávamos
as almas
E
os becos escondidos na cidade
O
Tejo entre azulejos
E
livros
O
caderno junto aos teus seios
Tão
pequenos
Como
as estrelas
Como
os cinzeiros
Semeados
na minha secretária
Papéis
orvalhados nos condomínios de luxo
As
portas do inferno
Comendo
os teus geométricos olhos
Vai
caminhando na voz enrouquecida das abelhas
E
dos veleiros nocturnos da solidão
Hoje
recordo-te nos colchões de areia do Mussulo
Como
recordo as avenidas embriagadas
Pelo
silêncio obscuro
Sempre
tive medo dos teus cabelos
Abraçava-me
Beijava-me
E
era apenas uma fotografia
Tão
triste
Tão
triste que durante o dia
Ardia…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
29 de Março de 2015
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