Tenho no meu peito
um fóssil,
uma lâmina de aço
laminado,
tenho no meu peito
uma cidade, uma mulher que habita nessa cidade, uma lâmina...
que me estrangula,
que me absorve,
e engole,
nas noites de
Sexta-feira...
Há um triste olhar
que me acompanha desde as ruas de Luanda,
olhava as sanzalas,
inventava grãos de areia no Mussulo,
desenhava peixes nos
machimbombos com coração de granito,
ouvia, às vezes, um
grito...
e engole,
nas noites de
Sexta-feira,
Há um apito quando
oiço a voz do silêncio,
uma criança com
mãos de sisal,
deitada na eira de
Carvalhais,
tenho no meu peito
um fóssil,
um lâmina de aço
laminado,
uma luz esculpida na
calçada do abismo...
havia entre nós um
muro amarelo,
havia ao longe um
rio embriagado,
eu, eu sorria,
eu, eu descia... até
que os tentáculos do desejo me levavam,
e quando regressava,
o apito...
apitava...
O vício vomitava
sílabas com sabor a alumínio,
e eu, eu dançava
sobre uma nuvem de nada,
que me estrangulava,
que me absorvia,
e engolia,
nas noites de
Sexta-feira...
… e percebia o
significado de liberdade.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 1 de
Agosto de 2014
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