sexta-feira, 1 de agosto de 2014

As tâmaras sílabas da paixão


Ao longe, as tuas mágoas de acetileno caminhando rochedos abaixo,
não existem abraços, nada te toca, e tudo... e tudo te silencia,
o morganho subindo as escadas dos tristes telhados de zinco,
o azoto evapora-se nos lábios tenros da madrugada,
uma enxada, uma enxada estremece quando penetra a terra cansada do teu corpo,
ficas imóvel, desenhas-te no espelho da saudade... como se fosses uma flor de carne,
há em ti o olhar triste dos dias sem prazer,
há em ti o desejo louco de me tocar... mas... mas eu, mas eu sou apenas um pedaço de aço,
enferrujado,
tão enferrujado como o barco que nos espera, como o barco encalhado nos teus seios...
ao longe, as tuas coxas de areia,
mergulhadas nas tâmaras sílabas da paixão.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 1 de Agosto de 2014

Sem comentários:

Enviar um comentário