Foto de: A&M ART and Photos
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acreditava que eras em pedra maciça e
que tinhas no cabelo uma seara de trigo
havia nuvens de poeira que envolviam o
teu olhar
e sempre que chovia
uma janela acordava no teu peito
acreditava que não choravas porque as
flores não choram
e eu
acreditava
que eras em pedra maciça
e eu
acreditava
que eras uma flor
com perfume de desejo
acreditava que pertencias às gaivotas
de asas em papel
que vivias no mastro dos barcos doentes
e que amavas os homens como eu
esqueletos vadios
rolando as calçadas em direcção ao
Tejo
acreditava que tu eras diferente
e que a escuridão da tua pele sangrava
espinhos de chocolate...
doces desenhos no suor cuticular da
vaidade solar
e tinhas na boca as palavras de vento
que vomitavam bandeiras brancas em dias de tristeza...
acreditava
que eras uma flor
acreditava
que eras... um desejo
um corpo
um beijo de sílabas enlouquecidas numa
tarde de Sábado
e no entanto
a tua escura pele adormeceu nos
agrestes desenhos do Baleizão
que eras uma flor
lábios pintados de encarnado
beijos doirados
acreditava
e tudo parecia a mão da Inquisição
sobre o púbis da saudade
havia ruas da cidade submersas em ti
como cordas de nylon aprisionando
pêssegos carcomidos dos pássaros pretos
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 3 de Novembro de 2013
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