foto de: A&M ART and Photos
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permaneço intocável como uma folha
caduca
como palavras semeadas numa tarde de
Outono
ao abandono
voando entre as campânulas preguiçosas
das Primaveras adormecidas
sou uma mulher invisível dentro de um
corpo convalescente
emagrecido
dorido
sofrido
sou uma mulher cansada de chorar
alegre por amar
e não perceber todos os nomes dos
jardins do meu País...
sou uma mulher em desejo
(acorrentada à varanda do medo
fumo cigarros vegetarianos e sonho com
papagaios de papel)
sou uma mulher em desejo
prisioneira da saudade
sou feliz
sou alegre
sou uma gaivota poisada na ponte da
eternidade
sou a madrugada em flor
permaneço intocável
e sofro
e morro
e choro... nas lágrimas da chuva como
barcos de esferovite
molhados
os meu lábios
(e húmida
a minha doirada boca)
sou uma mulher mergulhada na melancolia
sou feita em pedaços de vidro
tenho laços de cetim em volta do meu
pescoço
sou uma mulher de aço
alicerçada ao mês de Agosto
sou bela e moça bonita
sou linda e mulher donzela
sou filha das flores do amanhecer
e húmida
a minha doirada boca...
alimenta-se das vozes esquecidas
nas árvores mendigas das tuas mãos de
gafanhoto
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 4 de Novembro de 2013
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