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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Viagem

 

Uma viagem sem destino, uma viagem sem fim, que nunca será viagem

Viajará este corpo desengonçado pelas lajes invisíveis da tarde

Serpentear a janela, juntar dois decilitros de leite e meia colher de veneno, depois, agitar

Beber descansadamente enquanto o poema arde no interior de um cigarro

Uma viagem sem regresso, regressar para quê…

Se partimos do ponto (A) porque temos sempre de regressar ao ponto (A) e não a um outro qualquer ponto

Talvez um (B`)

Ou um (C)

 

Sem destino, esta viagem, sem final à vista

A não ser um caixão de cartolina

Para guardar os berlindes

E da janela vê-se o comboio que logo

Logo

Estará no meu peito

E o meu corpo transforma-se em locomotiva

Pincelada de açafrão e mirra e deus queira que mais logo

O comboio não venha apinhado de cadáveres de insónia

 

Eu, o comandante desta locomotiva louca, de cabelos ao vento e cuspindo línguas de sangue, da tuberculose da noite anterior

Eu, o viajante sem destino, sem regresso… ao apeadeiro da noite

Estará ele morto

Quando ainda conseguiu abrir os braços

E do trigésimo quinto andar

Vou em direcção à felicidade;

Coitado dele, dizem que não sofrerá mais.


quinta-feira, 18 de abril de 2024

Arte ou não Arte

 

Olho-te e odeio-te.

Os meus dedos têm medo do papel, os meus dedos escondem-se do carvão, e depois,

Monstros acordam na tela.

Olho-te,

E odeio-te.

 

(Francisco – 18/04/2024)


quarta-feira, 17 de abril de 2024


 Hoje peguei novamente no lápis, não o fazia há longos meses…

Algo estranho se passa entre o cérebro e as mãos…

 

(Francisco – 17/04/2024)

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Egoísmo



Tenho sido egoísta

Quando tudo parece cair sobre mim

Não penso

Que sobre ti cai o que caiu sobre mim e muito mais do que isso

Tenho sido egoísta

Quão egoísta eu tenho sido

Pensando que apenas eu sou envolto de sofrimento…

E quanto sofrimento o teu que não consigo imaginar;

 

Se eu pudesse, abraçava-te, só abraçar…

E dizer-te que não vou deixar-te cair!

 

(Francisco)

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Acreditar



Acredito,

Por vós,

Acredito que um novo dia vai acordar,

Acredito que os teus lindos olhos voltarão a sorrir,

Acredito que o teu cabelo, novamente vai caminhar sobre o mar,

Por vós, acredito,

Voltar a sonhar.

 

(Francisco)

sexta-feira, 29 de março de 2024

quinta-feira, 28 de março de 2024

Devaneios

Porque vens aqui?

Sim, tu.

Tu que de hora a hora visitas este espaço

Estes meus devaneios

Estas minhas palavras que não fazem sentido

Que são apenas palavras de um louco

Dizem…

Perdido numa qualquer cidade

 

Sim.

Tu.

Porque me visitas e porque te escondes?

 

Porque me lês e porque me odeias?

 

Sim.

Tu.

Que vens aqui fazer?

Me ler…!

 

(Francisco)

quinta-feira, 7 de março de 2024

Mar

 


O elefante dentro da panela

ferve em azedume lume

brando

nas lágrimas fatiadas do silêncio

do outro lado da rua  um peixe apanha sol na frigideira

e ambos

são árvores em delírio.

 

São pássaros vaginais

nas mãos da Primavera

à noite um pente com trinta e dois dentes

geme de saudade de quando o teu cabelo voava sobre o loiro trigo

da manhã.

Hoje sobre a cabeça

restam-lhe apenas alguns fios de nylon e uma janela com fotografia para o mar. Sem cor. Negra.

 

 

(orgasmo literário)

quarta-feira, 6 de março de 2024

noite-luar


 

O que dizer quando a janela do teu poema é uma grade invisível,

Que come o mar a cada noite-luar…


 

VAMOS DAR AS BOAS-VINDAS À SISSI.

A SISSI É A NOVA COLABORADORA DESTE NOSSO VOSSO ESPAÇO;

TOCA PIANO, ADORA LER E FAZ UNS TORRESMOS QUE É DE CHORAR POR MAIS.




Bem-vinda Sissi!

Vemo-nos em Agosto

 


Vemo-nos em Agosto

os teus olhos estão prisioneiros aos carris do desejo

nas mãos da saudade

uma lâmina de espuma corre aflita

para o mar.

 

Aos barcos

regressam as espinhas dorsais das cadeiras que vivem dentro do rio

ao Agosto meu amor

prometo ler este livro

de Gabriel García Márquez…

 

Vemo-nos em Agosto

quando o tórrido poema em alta voltagem agarra os teus seios

voa sobre as casas em miniatura

limpa a boca das conversas de ontem

e iluminava-se de noite.

 

Em Agosto

vemo-nos mudamente nos teus lábios

vemo-nos dentro do teu corpo

quanto te olho e sinto que o teu corpo

é uma caravela de sono à procura do sol.

 

 

 

(orgasmo literário)

sala 10704

 




 

Todos os desenhos e pinturas apresentados neste blogue são da autoria de Francisco Luís Fontinha.

coisas em verso... não sei





 

Criança

 


Um barco pede-me desculpa

por ter levado o mar,

um pequeno rio

deita-se junto à janela do mar

e dorme;

dorme nesta cama envenenada pela lua de corsária

erguendo-se da terra

como a serpente em beijos floridos.

 

É tão miserável este barco

que esconde nas mãos a flor cardada

da manhã,

o Alfredo acende as estrelas

e poisa sobre a mesa do pequeno-almoço

as palavras que durante a noite

fugiram da alvorada.

 

E eu não tenho cama,

não durmo nestes rochedos poeirentos

que trazem da outra margem

as crianças que brincam à porta da igreja;

e procuro o mar

dentro do meu sonhar,

também eu,

parecendo uma criança que brinca à porta da igreja.

 

 

 

(orgasmo literário)