É sexta-feira; bebemos então e vamos celebrar a poesia.
sexta-feira, 26 de abril de 2024
domingo, 21 de abril de 2024
sexta-feira, 19 de abril de 2024
Viagem
Uma viagem sem destino,
uma viagem sem fim, que nunca será viagem
Viajará este corpo
desengonçado pelas lajes invisíveis da tarde
Serpentear a janela,
juntar dois decilitros de leite e meia colher de veneno, depois, agitar
Beber descansadamente
enquanto o poema arde no interior de um cigarro
Uma viagem sem regresso,
regressar para quê…
Se partimos do ponto (A) porque
temos sempre de regressar ao ponto (A) e não a um outro qualquer ponto
Talvez um (B`)
Ou um (C)
Sem destino, esta viagem,
sem final à vista
A não ser um caixão de
cartolina
Para guardar os berlindes
E da janela vê-se o
comboio que logo
Logo
Estará no meu peito
E o meu corpo transforma-se
em locomotiva
Pincelada de açafrão e
mirra e deus queira que mais logo
O comboio não venha apinhado
de cadáveres de insónia
Eu, o comandante desta
locomotiva louca, de cabelos ao vento e cuspindo línguas de sangue, da
tuberculose da noite anterior
Eu, o viajante sem
destino, sem regresso… ao apeadeiro da noite
Estará ele morto
Quando ainda conseguiu
abrir os braços
E do trigésimo quinto
andar
Vou em direcção à
felicidade;
Coitado dele, dizem que
não sofrerá mais.
quinta-feira, 18 de abril de 2024
Arte ou não Arte
Olho-te e odeio-te.
Os meus dedos têm medo do
papel, os meus dedos escondem-se do carvão, e depois,
Monstros acordam na tela.
Olho-te,
E odeio-te.
(Francisco – 18/04/2024)
quarta-feira, 17 de abril de 2024
quinta-feira, 4 de abril de 2024
Egoísmo
Tenho sido egoísta
Quando tudo parece cair sobre mim
Não penso
Que sobre ti cai o que caiu sobre mim e
muito mais do que isso
Tenho sido egoísta
Quão egoísta eu tenho sido
Pensando que apenas eu sou envolto de
sofrimento…
E quanto sofrimento o teu que não
consigo imaginar;
Se eu pudesse, abraçava-te, só abraçar…
E dizer-te que não vou deixar-te cair!
(Francisco)
quarta-feira, 3 de abril de 2024
Acreditar
Acredito,
Por vós,
Acredito que um novo dia vai acordar,
Acredito que os teus lindos olhos
voltarão a sorrir,
Acredito que o teu cabelo, novamente vai
caminhar sobre o mar,
Por vós, acredito,
Voltar a sonhar.
(Francisco)
terça-feira, 2 de abril de 2024
sexta-feira, 29 de março de 2024
quinta-feira, 28 de março de 2024
Devaneios
Porque vens aqui?
Sim, tu.
Tu que de hora a hora visitas este
espaço
Estes meus devaneios
Estas minhas palavras que não fazem
sentido
Que são apenas palavras de um louco
Dizem…
Perdido numa qualquer cidade
Sim.
Tu.
Porque me visitas e porque te escondes?
Porque me lês e porque me odeias?
Sim.
Tu.
Que vens aqui fazer?
Me ler…!
(Francisco)
domingo, 10 de março de 2024
quinta-feira, 7 de março de 2024
Mar
O elefante
dentro da panela
ferve
em azedume lume
brando
nas
lágrimas fatiadas do silêncio
do
outro lado da rua um peixe apanha sol na
frigideira
e
ambos
são
árvores em delírio.
São
pássaros vaginais
nas
mãos da Primavera
à
noite um pente com trinta e dois dentes
geme
de saudade de quando o teu cabelo voava sobre o loiro trigo
da
manhã.
Hoje
sobre a cabeça
restam-lhe
apenas alguns fios de nylon e uma janela com fotografia para o mar. Sem cor.
Negra.
(orgasmo
literário)
quarta-feira, 6 de março de 2024
Vemo-nos em Agosto
Vemo-nos em Agosto
os teus olhos estão prisioneiros aos
carris do desejo
nas mãos da saudade
uma lâmina de espuma corre aflita
para o mar.
Aos barcos
regressam as espinhas dorsais das
cadeiras que vivem dentro do rio
ao Agosto meu amor
prometo ler este livro
de Gabriel García Márquez…
Vemo-nos em Agosto
quando o tórrido poema em alta voltagem
agarra os teus seios
voa sobre as casas em miniatura
limpa a boca das conversas de ontem
e iluminava-se de noite.
Em Agosto
vemo-nos mudamente nos teus lábios
vemo-nos dentro do teu corpo
quanto te olho e sinto que o teu corpo
é uma caravela de sono à procura do sol.
(orgasmo
literário)
Criança
Um barco pede-me desculpa
por ter levado o mar,
um pequeno rio
deita-se junto à janela
do mar
e dorme;
dorme nesta cama
envenenada pela lua de corsária
erguendo-se da terra
como a serpente em beijos
floridos.
É tão miserável este barco
que esconde nas mãos a
flor cardada
da manhã,
o Alfredo acende as
estrelas
e poisa sobre a mesa do
pequeno-almoço
as palavras que durante a
noite
fugiram da alvorada.
E eu não tenho cama,
não durmo nestes rochedos
poeirentos
que trazem da outra
margem
as crianças que brincam à
porta da igreja;
e procuro o mar
dentro do meu sonhar,
também eu,
parecendo uma criança que
brinca à porta da igreja.
(orgasmo literário)