quinta-feira, 7 de março de 2024

Mar

 


O elefante dentro da panela

ferve em azedume lume

brando

nas lágrimas fatiadas do silêncio

do outro lado da rua  um peixe apanha sol na frigideira

e ambos

são árvores em delírio.

 

São pássaros vaginais

nas mãos da Primavera

à noite um pente com trinta e dois dentes

geme de saudade de quando o teu cabelo voava sobre o loiro trigo

da manhã.

Hoje sobre a cabeça

restam-lhe apenas alguns fios de nylon e uma janela com fotografia para o mar. Sem cor. Negra.

 

 

(orgasmo literário)

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