Tenho outros barcos para passear
enjaulados nesta clínica marítima
no coração de um dos barcos
um pequeno cubo de silêncio
na mastigação do clítoris
cresce uma árvore.
Cresce uma árvore e um pássaro aprende inglês
vomita sons pelos olhos
enquanto uma nuvem de saliva
percorre o teu corpo
mergulhado na imensidão do nada
o infinito sabe que nunca chegará ao
céu.
E no entanto sabe que nunca mais haverá
flores
neste candeeiro de coloridas janelas
com cortinados de amendoeira em flor
quando o rio se ergue e abraça o sol
quando o rio se deita nos teus olhos de
pergaminho
e um poema é baptizado pelo sono.
Haverá tantas estrelas nos teus olhos
como telhados de insónia tem o teu
corpo
e mesmo assim há quem diga que a lua
é uma margarida disfarçada
e vestida de prateado amanhecer…
tenho outros barcos para passear…
outros barcos para sofrer.
(orgasmo
literário)
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