quarta-feira, 6 de março de 2024

Criança

 


Um barco pede-me desculpa

por ter levado o mar,

um pequeno rio

deita-se junto à janela do mar

e dorme;

dorme nesta cama envenenada pela lua de corsária

erguendo-se da terra

como a serpente em beijos floridos.

 

É tão miserável este barco

que esconde nas mãos a flor cardada

da manhã,

o Alfredo acende as estrelas

e poisa sobre a mesa do pequeno-almoço

as palavras que durante a noite

fugiram da alvorada.

 

E eu não tenho cama,

não durmo nestes rochedos poeirentos

que trazem da outra margem

as crianças que brincam à porta da igreja;

e procuro o mar

dentro do meu sonhar,

também eu,

parecendo uma criança que brinca à porta da igreja.

 

 

 

(orgasmo literário)

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