terça-feira, 31 de outubro de 2017

O silêncio do imperfeito



Perfeito.
Imperfeito.
O silêncio mutante da escuridão,
Quando desce da montanha uma pobre canção,
Feio,
Feito, diz ele, antes da morte,
Perfeito.
Imperfeito.
Pobre,
Nobre,
Enquanto caminham sobre a Lua as sombras terrestres do medo,
Um foguetão em apuros,
Uma traineira desgovernada,
Só, e sem nada,
Perfeito.
Imperfeito.
Sempre suspenso no alpendre da dor,
Sente,
Sofre,
Para quê? Se ele percebe que vai morrer…
Sinto,
Ele,
No deserto das serpentes,
Perfeito.
Imperfeito.
Sem jeito.
Silêncio…
Um caixão em lágrimas,
As pálpebras em chamas,
E, a vida parece uma lâmpada sem alma.



Francisco Luís Fontinha
Alijó, 31 de Outubro de 2017

domingo, 29 de outubro de 2017

Coração das sete serpentes


Iluminado sejas, coração das sete serpentes.

O cansaço das pedras, perfumadas almas na escuridão,

Palavras dispersas,

Nas garras de uma canção.

Iluminado sejas, corpo desengonçado das sete maravilhas…

O sorriso perfeito, nas tardes estátuas,

Os livros mortos, os textos acorrentados aos braços da madrugada,

Iluminado sejas, obscuro cansado prato, sobre a mesa do sono,

E das pedras abençoadas.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 29 de Outubro de 2017

domingo, 22 de outubro de 2017

Os livros sobre a mesa


Nas cinzas do meu corpo

Habitam as palavras do fogo sombrio do sofrimento,

A dor semeia-se na terra cansada da minha mão,

Quando o luar adormece, quando uma flecha sangrenta se espeta no meu coração,

Domingo à noite,

Música fúnebre para me alimentar,

Palavras que voam em direcção ao mar…

E te levam, e te levam para o Oceano da tristeza,

E fica a beleza,

Os livros sobre a mesa…

Escrevo-te,

Imploro-te…

Que fiques, aqui, comigo…

À lareira.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 22 de Outubro de 2017