segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O falso louco


Amar o falso louco

Quando da noite regressam os comboios da saudade

Imprimir as rugas da infância

No pedaço de terra encharcada de silêncio

Depois de acordar a madrugada

Amar o falso louco

Quando do louco nada sobressai nas tardes de uma cidade abandonada…

Sem transeuntes para conversar

Sem transeuntes para brincar

Deito-me sobre as pedras afiadas do desejo

Invento crianças nas minhas brincadeiras

Desenho círculos na areia

Antes que o mar os apague

E novos círculos são desenhados por outros falsos loucos

Como eu…

Como nós.

 

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 29 de Fevereiro de 2016

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Ausente nos teus lençóis de linho


Não me peças para viver sem a tua presença,

Não me peças para imprimir a tua presença na minha mão,

Que de todas as ausências, mentem, são tristes, comoventes…

Não me peças para te amar…

Porque nunca te vou amar,

Beijar-te

E abraçar-te,

Não me peças para ser um ausente

E inanimado miúdo de calções transparentes,

Finjo,

Fujo

Das tuas garras,

Sou a montanha sem cume,

O penhasco da desilusão,

Não me peças

Amor

Carinho

E presença,

Sou um esquilo, tranquilo, mas ausente,

Nas fanfarras de Verão,

Nas aldeias no Inverno,

No cimento embriagado pelo silêncio,

Deito-me em ti,

Durmo nos teus lençóis de linho,

E mesmo assim,

Não te amo…

 

Francisco Luís Fontinha

Domingo, 28 de Fevereiro de 2016