terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Jardim de transeuntes
As manhãs são límpidas tristezas
Que só o vento consegue abraçar,
Parar no semáforo e olhar a rosa mais bela
Do jardim de transeuntes em movimento,
Tem no sorriso a bandeira da paixão
E nos lábios…
A doçura inseminada das palavras,
Do vermelho…
O verde verdade
Da esperança…
As manhãs são límpidas tristezas
Que vergam o frágil esqueleto da cidade,
Não tenho tempo para desenhar
A saudade na mão de quem me espera,
Não tenho vontade de abrir a janela
Deste quatro latas cansado,
As manhãs são límpidas tristezas
Que só o vento consegue abraçar,
São rosas transeuntes suspensas no mar…
São palavras ignoradas,
Sombras deitadas na estrada,
As manhãs
São… límpidas tristezas
Sem tempo para amar…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 9 de Dezembro de 2014
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
As pálpebras do poema
Não sabia que o teu
nome
era apenas um nome
uma solitária
palavra
sem alma
sem coração
sem... sem barcos ao
anoitecer,
não sabia que o teu
nome
era apenas um nome
sem corpo
sem sombra...
não sabia que o teu
nome
era apenas um
silêncio
sem imagens
sons
ou... ou fotografias
em constante
mutação,
não sabia
não sabia que o teu
nome
era apenas uma
assombração
uma cidade
esquelética voando no pôr-do-sol,
(Não sabia que o
teu nome
era apenas um nome
uma solitária
palavra)
como as pálpebras
do poema antes de ser o poema,
não sabia que o teu
nome
era apenas um nome
um soluço mastigado
nas sílabas do Diabo...
não sabia
que... que o teu
nome
é como a areia
húmida
e o mar apaga todos
os seus desenhos
como a morte...
apaga todos os seus corpos...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 8 de
Dezembro de 2014
Sinfonia da paixão
Sou um ignóbil
cemitério de cinzas
recheado de falsos
amanheceres
e de tristes
madrugadas,
sou um pirata
que tem medo da
noite,
sou... um pirata
de lata,
que chora e branca
nas sanzalas da
infância,
sou uma sombra com
odor a insónia
que não se cansa de
lutar,
sou um ignóbil
cemitério de cinzas,
prateadas
amadas
e cansadas...
arde a cidade do meu
corpo
como plumas de
sílabas enraivecidas,
tenho um livro na
algibeira
sem palavras...
sem... sem brigas,
sem... sem vírgulas,
sou um covarde
vestido de luar
sou um desalmado com
medo...
com medo de amar,
sou um ignóbil
cemitério de cinzas
recheado de falsos
amanheceres
e de tristes
madrugadas,
sou a bailarina do
desejo
em busca do sexo
barato,
sou rua,
sou... sou lagarto,
sou... sou
prostituta,
sou a âncora dos
teus abraços
quando emerge em ti
a sinfonia da paixão,
e todo o amor morre
em tesão...
simplificado
os meus lábios
inseminados pelos teus seios,
esta cidade que
saltita no meu amor...
e me acolhe nos seus
rochedos.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 8 de
Dezembro de 2014
domingo, 7 de dezembro de 2014
Gaivotas & Revoltas
Oiço as tuas
palavras mastigadas em prazer,
sinto o círculo das
tuas coxas alicerçado ao centro geométrico do meu corpo,
somos apenas um
ponto perdido no espaço...
traçamos parábolas
na cintilante areia do Mussulo,
e há na tua pele de
neblina adormecida... flores,
gaivotas,
revoltas,
palavras gritadas em
vão...
e gemidos rochedos
ao pôr-do-sol,
não habito em ti...
mas há barcos nas nossas veias,
cansados de amar...
marinheiros sem
pátria,
toda a gente nos
apedreja com silêncios
e medos
desgovernados,
somos um ponto em
movimento,
temos coordenadas,
e... massa,
a luz que nos
ilumina esconde-se entre a chuva miudinha do fim de tarde,
e toda a gente,
em delírio...
chicoteando as
nossas sombras,
em pedaços de
fotografias embriagadas pelo suicídio...
oiço as tuas
palavras mastigadas em prazer,
nesta cidade em
ruínas...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 7 de
Dezembro de 2014
Palavras sem paixão
Todos nós
somos anfíbios
poetas,
algas de
acariciar...
todos nós somos
estrelas em solidão
nuvens por
catalogar...
palavras sem
paixão...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 7 de
Dezembro de 2014
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