terça-feira, 18 de junho de 2013
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Em fatias poéticas, dentro de dois pedaços de papel
foto: A&M ART and Photos
|
Gosto
da tua amizade, precisamente, pela tua franqueza e sobretudo
optimismo, claro que é bom regressar a Lisboa, e treinar a
caligrafia para prováveis autógrafos, ainda melhor,
Enquanto
lia o teu coração, lembrei-me de um Livro de José Luís Peixoto
“Dentro do Segredo”, sobre a viagem que ele fez à Coreia do
Norte, autógrafos, fazem-me lembrar os Norte-Coreanos, e claro,
todos eles são muito baixinhos, agora, imagina tu, que eu imaginei,
que enquanto autografava um livro, aparecia-me uma Norte-Coreana,
puxa a t-shirt e diz-me
Quero
um autógrafo no meu seio esquerdo,
Boa,
penso eu, e agora? E Agora Francisco?
Pego
na caneta, e tremulamente, escrevo... Francisco Luís Fontinha, com
amizade, e claro, ela sorriu, e foi-se embora…
E
nunca mais utilizarei a minha caneta de tinta permanente, apenas um
corpo poético consegue sobreviver às palavras, apenas este corpo
consegue embrulhar-se entre a poesia e o sonho, ou entre a noite e a
madrugada..., às vezes, entranha-se no prazer, e voa, voa como uma
gaivota desgovernada
E
agora, Francisco? E agora? Que faço com este corpo poético,
literário e desejável? Transformar-se-á em palavras, no verdadeiro
poema? Ficará corpo de mulher com formato de livro, terá mãos para
me acariciar o rosto desgrenhado pelos socalcos do Douro? Terá
olhos, pálpebras e lábios para me beijar? E agora... Francisco...
Gosto,
do autógrafo semeado na areia molhada da feliz gaivota desgovernada,
gosto da tua pele misturada em melódicos sons embainhados dentro da
manhã, ela dança, e mexe-se com a ligeireza de uma andorinha em
pequenos círculos, perguntas-me
Qual
é o perímetro de um círculo, sei, mas simplesmente não me apetece
responder-te, perguntar-te-ia, para que desejas saber o perímetro de
um velho círculo, imobilizado pelo gesso do hospital, alguns dos
ossos não sobreviveram às rotações em redor de uma eira
granítica, e no seu centro de massa, o canastro, o milho, o teu
Corpo?
Em
fatias poéticas, dentro de dois pedaços de papel, açúcar sobre a
pele complexa dos cansaços à beira rio, e em dolorosos soníferos
entram e saem barcos de ti, imaginava-te um socalco esculpida na
montanha com acesso ao rio Douro, imaginava-te a tal Norte-Coreana,
Quero
um autógrafo no meu seio esquerdo,
Boa,
penso eu, e agora? E Agora Francisco?
Pego
na caneta, e tremulamente, escrevo... Francisco Luís Fontinha, com
amizade, e claro, ela sorriu, e foi-se embora…
E
E
ainda...
Corpo?
E
ainda hoje não entendo muito bem as t-shirts que enrolam corpos
poéticos, literários e afins...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Labels:
amizade,
caneta de tinta permanente,
cidade,
Coreia do Norte,
corpos poéticos,
ficção,
literários,
mar,
Texto
Location:
5070 Alijó, Portugal
Sem saber o que fazer
foto: A&M ART and Photos
|
Caleidoscópio teu olhar
perfurando sílabas e algas com sabor a
mar
erguendo-se de ti a manhã decalcada na
sombra do luar
às penumbras horas prisioneiras em
teus seios de cristal,
Oiço em ti a perfumada rosa acabada de
nascer
correndo quintais de areia sem o saber
birras de uma criança quando aprende a
ler...
e oiço-o contra a minha solidão
suspensa nas páginas de um velho jornal,
Sinto o meu rosto estampado num muro em
betão
oiço-o cantar e sofrer nas palavras
canção
é ele o indesejado nobre meu coração
inventando pedaços de algodão no
silêncio pedestal,
O meu corpo em crepe papel
lutando nas correntes de ar
argamassadas do fingido cordel
que a boca sobeja e morre na pele...
morre crucificado o esqueleto de metal.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Subscrever:
Mensagens (Atom)