foto: A&M ART and Photos
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Gosto
da tua amizade, precisamente, pela tua franqueza e sobretudo
optimismo, claro que é bom regressar a Lisboa, e treinar a
caligrafia para prováveis autógrafos, ainda melhor,
Enquanto
lia o teu coração, lembrei-me de um Livro de José Luís Peixoto
“Dentro do Segredo”, sobre a viagem que ele fez à Coreia do
Norte, autógrafos, fazem-me lembrar os Norte-Coreanos, e claro,
todos eles são muito baixinhos, agora, imagina tu, que eu imaginei,
que enquanto autografava um livro, aparecia-me uma Norte-Coreana,
puxa a t-shirt e diz-me
Quero
um autógrafo no meu seio esquerdo,
Boa,
penso eu, e agora? E Agora Francisco?
Pego
na caneta, e tremulamente, escrevo... Francisco Luís Fontinha, com
amizade, e claro, ela sorriu, e foi-se embora…
E
nunca mais utilizarei a minha caneta de tinta permanente, apenas um
corpo poético consegue sobreviver às palavras, apenas este corpo
consegue embrulhar-se entre a poesia e o sonho, ou entre a noite e a
madrugada..., às vezes, entranha-se no prazer, e voa, voa como uma
gaivota desgovernada
E
agora, Francisco? E agora? Que faço com este corpo poético,
literário e desejável? Transformar-se-á em palavras, no verdadeiro
poema? Ficará corpo de mulher com formato de livro, terá mãos para
me acariciar o rosto desgrenhado pelos socalcos do Douro? Terá
olhos, pálpebras e lábios para me beijar? E agora... Francisco...
Gosto,
do autógrafo semeado na areia molhada da feliz gaivota desgovernada,
gosto da tua pele misturada em melódicos sons embainhados dentro da
manhã, ela dança, e mexe-se com a ligeireza de uma andorinha em
pequenos círculos, perguntas-me
Qual
é o perímetro de um círculo, sei, mas simplesmente não me apetece
responder-te, perguntar-te-ia, para que desejas saber o perímetro de
um velho círculo, imobilizado pelo gesso do hospital, alguns dos
ossos não sobreviveram às rotações em redor de uma eira
granítica, e no seu centro de massa, o canastro, o milho, o teu
Corpo?
Em
fatias poéticas, dentro de dois pedaços de papel, açúcar sobre a
pele complexa dos cansaços à beira rio, e em dolorosos soníferos
entram e saem barcos de ti, imaginava-te um socalco esculpida na
montanha com acesso ao rio Douro, imaginava-te a tal Norte-Coreana,
Quero
um autógrafo no meu seio esquerdo,
Boa,
penso eu, e agora? E Agora Francisco?
Pego
na caneta, e tremulamente, escrevo... Francisco Luís Fontinha, com
amizade, e claro, ela sorriu, e foi-se embora…
E
E
ainda...
Corpo?
E
ainda hoje não entendo muito bem as t-shirts que enrolam corpos
poéticos, literários e afins...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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