sábado, 3 de novembro de 2012

A poeira feiticeira


As pedras feitiço na aldeia dos sonhos
uma criança menino das corridas sobre o azul silêncio da infância
um barco de papel
em rota de colisão

as palavras em gemidos
nos olhos cansados dos livros semeados nas encostas da montanha
socalcos de vogais
nas entranhas do xisto solitário

a poeira feiticeira
das brasas uivos da lareira
sobre a mesa da esplanada acorrentada à maré do inferno
quando o amor entra no peito do texto sem cor

das pedras
as pedras feitiço na aldeia dos sonhos
em flor
as janelas inventadas nas mãos dos beijos doces das nuvens de algodão

o chão térreo encharcado de sémen
das paredes o barro crucificado na madeira apodrecida
que o homem das palavras
semeou clandestinamente nas tuas coxas de vidro

as pedras
o feitiço das sandálias madrugada
que o vento aproximou
quando te mostrei pela primeira vez a aldeia dos sonhos...

(poema não revisto)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

As últimas sílabas da noite


Perco-me na morada incerta das algas insignificantes da madrugada
procuro na algibeira as migalhas das chaves que me dão acesso ao sótão
da solidão deserta sem palavras
dos números complexos escritos nas frestas da lua,

perco-me nas estrelas de papel
que à janela da insónia me beijam loucamente
quando atravesso a rua dos sonhos
e esqueço-me que as luzes dos olhos do mar dormem docemente na tua boca,

perco-me na tua voz melódica
poeticamente embriagada nas flores lésbicas que habitam no jardim do desejo
perco-me em ti
de ti quando me faltam os poemas e fumo as últimas sílabas da noite...

(poema não revisto)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Em noites de amar


(para ti, Alexandra)

Trazes nos ossos os frígidos cansaços medos
das palavras embriagadas
que os singelos segredos
constroem nas madrugadas,

ai amor
as noites em ausências loucas
quando a tua mão em flor
dança suavemente nas orgias bocas,

trazes nos olhos a dor
no peito o sofrimento
ai amor
meu amor alimento,

meu amor em pedacinhos de mar
em todas as palavras de todos os poemas e de todas as cores
(trazes nos ossos os frígidos cansaços medos)
ai amor meu amor luar
das noites com flores...
em noites de amar.

(poema não revisto)