sábado, 28 de janeiro de 2012
Lápide
Amar uma pedra
Que da poeira se constrói a noite
Não uma pedra qualquer
Não uma noite igual a tantas outras noites
Eu só
Amar uma pedra
Onde vão escrever as minhas palavras
Numa noite sem estrelas
Que da poeira se constrói a noite
Não uma pedra qualquer
Não uma noite igual a tantas outras noites
Eu só
Amar uma pedra
Onde vão escrever as minhas palavras
Numa noite sem estrelas
Fim da viagem
Todas as viagens têm um fim, partimos de um ponto A para chegarmos a um ponto B, mas quando percebemos que o ponto B não existe, nada a fazer, porque só um louco continua a caminhar para um destino inexistente.
E ainda não estou louco, acredito eu.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
As luzes da noite
Desliga-se o meu corpo
Das luzes da noite
Cessam todas as palavras suspensas em mim
Quando à janela do meu olhar sorri a tempestade
O mar jamais voltará a ancorar nos meus braços
E todos os rios desistiram de correr para o mar
E todos os mares morreram dentro de um sonho
Desliga-se o meu corpo
Das luzes da noite
E caiem pedacinhos de solidão
Do teto do meu quarto
E percebo que estou só
E percebo que a vida deixou de sorrir
E percebo que dentro de mim apenas silêncios
À beira de um cais
Das luzes da noite
Cessam todas as palavras suspensas em mim
Quando à janela do meu olhar sorri a tempestade
O mar jamais voltará a ancorar nos meus braços
E todos os rios desistiram de correr para o mar
E todos os mares morreram dentro de um sonho
Desliga-se o meu corpo
Das luzes da noite
E caiem pedacinhos de solidão
Do teto do meu quarto
E percebo que estou só
E percebo que a vida deixou de sorrir
E percebo que dentro de mim apenas silêncios
À beira de um cais
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
O silêncio da vida
A vida é um silêncio
Que caminha entre a alvorada
A vida não vale nada
A vida é um silêncio suspensa numa roda dentada
Em aço inoxidável
Entre as pernas de um mendigo
Deitado na calçada
Ai a vida saudável
Ai a merda da minha vida miserável
A vida é boa
Quando na cama deitada
Despida e sem saia e agarrada…
Às ruas de lisboa
E entra na madrugada
E desce a madragoa
Embriagada
A vida é um silêncio
Que caminha entre a alvorada
Sem pressa sem nada
Que caminha entre a alvorada
A vida não vale nada
A vida é um silêncio suspensa numa roda dentada
Em aço inoxidável
Entre as pernas de um mendigo
Deitado na calçada
Ai a vida saudável
Ai a merda da minha vida miserável
A vida é boa
Quando na cama deitada
Despida e sem saia e agarrada…
Às ruas de lisboa
E entra na madrugada
E desce a madragoa
Embriagada
A vida é um silêncio
Que caminha entre a alvorada
Sem pressa sem nada
TODOS DIAS TESO – TDT
Toda a gente muito aflita com a porcaria do TDT, e eu, e eu que há muito tempo disponho de TDT confesso estar farto, confesso… não confesso,
Porque para mim TDT quer dizer TODOS DIAS TESO,
Portanto meus caros leitores, não tenham pressa, porque o TDT entra-vos em casa, e depois, e despois para sair é um cabo dos trabalhos…
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Regressar
Toda a minha vida sonhos,
Sonhos e alguns impossíveis de realizar, mas há um sonho que nunca deixei de acreditar, há um sonho que não me deixou morrer,
Não sei se é doença mas a verdade é que sou um inadaptado, e nunca, nunca consegui superar a separação de Luanda e vivi sempre emerso em angustia e dor,
Dentro de mim existiu sempre algo a puxar-me e sempre acreditei em regressar à terra onde nasci, e acredito que vou conseguir,
Ter a nacionalidade angolana e regressar.
Algibeira da morte
Entras-me no sangue
E caminhas nos túneis em plástico que dormem sobre a mesa-de-cabeceira
Entras e extingues-te como uma andorinha
Ao terminar a primavera
Desces cansaço embebido em drageias de néon
E um rio de sémen na algibeira da morte
Agarra-se aos meus braços e leva-os para a montanha
Povoada de ossos
É noite
E entras-me no sangue
E caminhas…
Fumo os últimos cigarros
No corredor longínquo
Onde passeiam petroleiros e plátanos desiludidos com a vida
E o que farei depois de terminarem os cigarros?
E quando a montanha deixar de ser a montanha…
O que farei?
É noite
E entras-me no sangue
E caminhas…
E todos os componentes metálicos do meu corpo
Abraçados à ferrugem
O que farei quando deixar de ter cigarros?
E quando a montanha deixar de ser a montanha?
O que farei dentro da montanha
Com ossos
Sem árvores
Sem cigarros…
Na algibeira da morte
E caminhas nos túneis em plástico que dormem sobre a mesa-de-cabeceira
Entras e extingues-te como uma andorinha
Ao terminar a primavera
Desces cansaço embebido em drageias de néon
E um rio de sémen na algibeira da morte
Agarra-se aos meus braços e leva-os para a montanha
Povoada de ossos
É noite
E entras-me no sangue
E caminhas…
Fumo os últimos cigarros
No corredor longínquo
Onde passeiam petroleiros e plátanos desiludidos com a vida
E o que farei depois de terminarem os cigarros?
E quando a montanha deixar de ser a montanha…
O que farei?
É noite
E entras-me no sangue
E caminhas…
E todos os componentes metálicos do meu corpo
Abraçados à ferrugem
O que farei quando deixar de ter cigarros?
E quando a montanha deixar de ser a montanha?
O que farei dentro da montanha
Com ossos
Sem árvores
Sem cigarros…
Na algibeira da morte
Fumar no interior do automóvel
Proibição de fumar no interior do nosso próprio automóvel, e eu que sou doente (viciado em cigarros) não posso usufruir de um prazer, de outra coisa qualquer para os outros.
Onde está a legitimidade de os outros condicionarem aquilo que faço ou não faço dentro do que é meu? E qualquer dia nem dentro da minha própria casa posso fumar, e se há pessoas que não suportam o cheiro do cigarro, também eu não suporto o aroma de perfumes, porque sou alérgico, e mesmo assim não posso proibir aqueles que os usam de os não usar.
Proibição de quecas dentro do automóvel? Provavelmente qualquer dia um parvalhão qualquer vai dizer que é maléfico para a coluna, ou que sexo dentro de casa só uma vez por mês, e portanto este país está a tornar-se doente mentalmente.
Sou ateu; Qual a minha legitimidade de obrigar aqueles que acreditam em deus em não acreditar, só porque eu não acredito?
Pois eu continuarei a fazer aquilo que sempre fiz, quer seja dentro do meu automóvel ou dentro de casa.
O cigarro provoca o cancro. E o que têm vocês a ver se eu morrer de cancro? Vou dar despesa ao SNS, mas eu em cada maço de cigarros já estou a pagar para o SNS. E os alcoólicos? Não dão despesa ao SNS?
Criminalidade por problemas de álcool tenho conhecimento, por fumar cigarros penso não existirem…
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
E hoje não barcos
O barco despede-se do término da tarde, desce vagarosamente as portadas do postigo com acesso à noite e em passo apressado deixa a Ajuda embrulhada em estrelas e mergulha no Tejo,
- Nos meus sonhos aparece sempre um barco Confessa-me ele enquanto tomamos café na esplanada e que quando menino, aos domingos, a religiosa visita ao porto de Luanda,
Fascinavam-me aqueles monstros poisados sobre a água, às vezes recebia por parte de um deles um sorriso ou um simples acenar de bracinhos,
- Deslarga Pai
A mão do meu pai e com a minha mãozinha de caule de malmequer acenava e sorria e quase sempre ficava a chorar porque não entendia naquela idade a solidão dos barcos,
- Pai os barcos sonham? E que sim e que um dia entravam nos meus sonhos,
E hoje não porto de Luanda, e hoje não barcos, e hoje não domingos
- Deslarga Pai
Não domingos às voltas da Maria da Fonte,
A mão dele soltava-se como quando numa manhã de setembro um paquete soltou-se do porto de Luanda, e de saluço em saluço, e de rouquidão em rouquidão, começou a entrar mar adentro, e deixei de ver a cidade
- Pai os barcos sonham?
E deixei de ver a cidade como qualquer dia vou deixar de ver a mão dele, e em vez de barcos nos meus sonhos, uma tela negra a despedir-se do término da tarde, desce vagarosamente as portadas do postigo com acesso à noite e em passo apressado deixa a Ajuda embrulhada em estrelas e mergulha no Tejo.
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