não consigo respirar
dentro do aquário
onde mergulham as minhas mãos de vidro
alimento-me das palavras que sobejaram dos teus lábios
com flores selvagens
(dizias-me que amavas as flores selvagens)
porque são belas
porque são simples como os meus olhos
e todas as palavras
nos teus lábios
construindo durante a noite o jardim do desejo
com luzes de insónia
não consigo respirar
junto ao rio
e percebo
e tenho medo
que as tuas palavras
nunca tenham existido em mim
e percebo
e percebo que és o meu livro
o livro que dorme na minha mesa-de-cabeceira
e me afaga o cabelo enquanto sonho com os teus lábios
e percebo
e percebo que dentro de ti
dormem as palavras dos teus lábios
(Não consigo respirar
dentro do aquário
onde mergulham as minhas mãos de vidro)
junto ao rio à minha espera...
quarta-feira, 20 de junho de 2012
terça-feira, 19 de junho de 2012
pontos de interrogação
entretido nos dias
a construir nuvens
entretido nos dias
a pintar o céu
e a vestir as árvores
entretido nos dias
eu
com os dias
entretido nos dias
entre dias e parêntesis
ou pontos de interrogação...
eu
eu
com os dias
entretido nos dias
a construir versos de amor
e jardins de papel
entretido nos dias
eu
com os dias.
a construir nuvens
entretido nos dias
a pintar o céu
e a vestir as árvores
entretido nos dias
eu
com os dias
entretido nos dias
entre dias e parêntesis
ou pontos de interrogação...
eu
eu
com os dias
entretido nos dias
a construir versos de amor
e jardins de papel
entretido nos dias
eu
com os dias.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Do silêncio acorda o desejo
Do silêncio
acorda o desejo
em silêncio se deseja
o vento e o mar e a saudade
em silêncio
escuto a tua voz melódica
semeada na montanha
Do silêncio
acorda o desejo
em silêncio se deseja
o silêncio de amar
em silêncio
do desejo
desejar...
acorda o desejo
em silêncio se deseja
o vento e o mar e a saudade
em silêncio
escuto a tua voz melódica
semeada na montanha
Do silêncio
acorda o desejo
em silêncio se deseja
o silêncio de amar
em silêncio
do desejo
desejar...
domingo, 17 de junho de 2012
O amor de amar um veleiro sem velas
É isto o amor?
Um corpo nu suspenso sobre a almofada
da ausência
a janela da solidão
sem vista para o mar
é isto?
O amor de amar
um veleiro sem velas
à procura do vento
antes de adormecer o silêncio...
é isto o amor?
Um corpo nu
um livro sem palavras
um livro sem páginas
nu
um corpo suspenso sobre a almofada
da ausência...
sábado, 16 de junho de 2012
Três vezes ao dia
Três vezes ao dia
depois de almoçar
ao deitar
e quando acordar
e quando acordar cerrar bem os olhinhos
e tomar
(e nunca esquecer)
três vezes ao dia
acordar
almoçar
deitar
e nunca esquecer
não tomar
se estiver a ler
ou andar a escrever
três vezes ao dia.
depois de almoçar
ao deitar
e quando acordar
e quando acordar cerrar bem os olhinhos
e tomar
(e nunca esquecer)
três vezes ao dia
acordar
almoçar
deitar
e nunca esquecer
não tomar
se estiver a ler
ou andar a escrever
três vezes ao dia.
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