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domingo, 1 de outubro de 2023

Ementa

 Pedra cinzenta

Isenta

Que lamenta

Ser cinzenta

Onde me sento e leio uma pequena ementa

Senta

Nesta pedra

Meu amor de água-benta

 

01/10/2023

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Pedra cinzenta

 

Sento-me nesta pedra, fria e cinzenta, sento-me nesta pedra e espero que o vento me leve, e

Espero que o vento me mate.

Sento-me nesta pedra, tão fria e tão escura, e tão cinzenta, como os dias, como as noites, sento-me nesta pedra e espero,

Espero que o vento me leve, que o vento me acolha.

E de todas as pedras onde me sentei, e de todas as pedras onde dormi, esta pedra traz-me as lágrimas da madrugada, traz-me o silêncio da madrugada,

Tão fria, meu amor, tão fria a madrugada…

 

Francisco

sábado, 3 de dezembro de 2022

As estrelas dos teus olhos

 Hei-de levantar-me

Desta pedra cinzenta

Onde me sento e morro

E espero

E invento

E desejo

Que acordem as estrelas dos teus olhos

 

Fumo o cigarro que há-de matar-me

Fumo as palavras

Que também elas

Me vão matar

 

E se eu quisesse

Voava para os teus braços de árvore envenenada

 

Acordam os pássaros que a manhã há-de matar

 

E num ápice

 

Olho-te como me olham as abelhas

Junto à colmeia do sono

 

E a noite

Despe-se na tua mão

 

Hei-de levantar-me

Desta pedra cinzenta

Onde habita a tua boca

 

E dos doces lábios da paixão

 

O poema que se alicerça ao meu peito

Bebo o veneno que lanças sobre o mar

Bebo a insónia que morre no mar

E hei-de levantar-me

Desta triste cinzenta pedra

 

Até que a noite se suicide dentro de mim.

 

 

 

 

Alijó, 03/12/2022

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Pedra cinzenta

 

Somos árvores que tombam no chão,

Somos o silêncio que rompe a madrugada,

Somos letra de canção,

E não somos nada…

 

Somos a guerra em poema,

Espelho no quarto abandonado,

Somos a voz em chama

Num corpo ancorado,

 

Somos árvores, somos a saudade…

Somos as lágrimas do mar,

Somos as ruas da cidade

 

Que a manhã alimenta,

Somos raiva, somos luar,

Somos esta triste pedra cinzenta.

 

 

Alijó, 30/09/2022

Francisco Luís Fontinha