Hei-de levantar-me
Desta pedra cinzenta
Onde me sento e morro
E espero
E invento
E desejo
Que acordem as estrelas
dos teus olhos
Fumo o cigarro que há-de
matar-me
Fumo as palavras
Que também elas
Me vão matar
E se eu quisesse
Voava para os teus braços
de árvore envenenada
Acordam os pássaros que a
manhã há-de matar
E num ápice
Olho-te como me olham as
abelhas
Junto à colmeia do sono
E a noite
Despe-se na tua mão
Hei-de levantar-me
Desta pedra cinzenta
Onde habita a tua boca
E dos doces lábios da
paixão
O poema que se alicerça
ao meu peito
Bebo o veneno que lanças
sobre o mar
Bebo a insónia que morre
no mar
E hei-de levantar-me
Desta triste cinzenta
pedra
Até que a noite se
suicide dentro de mim.
Alijó, 03/12/2022
Francisco Luís Fontinha
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