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domingo, 22 de outubro de 2023

Imaginação

 Encosta a cabeça ao meu ombro

Imagina que a lua poisa nos teus lábios

Imagina que o mar…

… que o mar brinca nos teus olhos,

 

Encosta a cabeça ao meu ombro

Imagina que o sol corre juntamente com o vento…

No teu cabelo,

Imagina que todos os pássaros cantam para ti

E que todas as manhãs

São manhã de algodão-doce,

 

Imagina o silêncio escondido na tua mão

Quando imaginas acariciar o meu rosto,

Também ele, imaginado por um louco,

Imagina que as gaivotas são filhas da preia-mar…

E que todos as estrelas-do-mar,

São imaginadas pela tua boca,

 

Que imagina o beijo

Encosta a cabeça ao meu ombro

Imagina a lua,

Imagina o sol,

Imagina a noite imaginada por um poeta,

Quando te despes vagarosamente…

E eu,

E eu imagino-te nos meus braços,

Baloiçando,

Até que depois ouvimos os gritos do mar…

 

 

22/10/2023

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Os textos loucos nas paredes de betão


Tínhamos uma árvore de papel
das palavras com sabor a prata
tínhamos uma sílaba de lata
com pingos de mel
e nas tardes em silêncio que brincávamos com o mar
tínhamos um punhado meigo de melancolia
e versos de amar
que cantávamos até nascer o dia,

Tínhamos que ainda não esqueci
a harmonia
que às vezes disfarçava-se de alegria
e outras tantas vezes inanimadas
vi
e senti
o sorriso das lindas madrugadas
que eu inventava nas planícies acorrentadas,

Às bocas submersas no cais das merendas (livro de Lídia Jorge, O cais das merendas)
e murmurávamos na língua escura da solidão
os sons do piano bar
com os poemas da paixão
antes do jantar
murchava o coração
e das mãos pegajosas os textos loucos que a luz escreve nas paredes de betão
que um louco aldrabão esqueceu na sombra de uma árvore de papel,

Tínhamos sabão
e óleo vegetal com sabor a pimenta
tínhamos o amor e os lábios pigmentados com sandes de salpicão
e mesmo assim
no jardim
tínhamos sexo dentro de uma caixa de cartão
comíamos sem sabermos que as viagens para Marte eram pingos de saliva da tua imaginação
antes de regressarmos à morte que adormece nas lamentações de uma triste sebenta.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Alijó