Desta pedra onde me sento
E olhas,
Oiço as tuas lágrimas
Que tão bem sabias
misturar com as orações,
E do alto da montanha
Me envias as palavras do
silêncio.
Pego na espingarda,
Alimento-a de saudade…
E disparo contra a
madrugada,
Enquanto nas tuas mãos, o
pequeno terço
Corre de conta em conta,
De suspiro em suspiro.
Desta pedra onde me sento
E olhas,
Oiço as Ave Marias em
pedaços de tristeza,
E certamente não estás
feliz,
Porque as minhas palavras
são as minhas palavras…
E quando disparadas pela
espingarda do silêncio,
Todo o teu olhar arde,
E despede-se das telas em
cinza.
E que feliz éramos quando
tínhamos tardes intermináveis,
Quando entre Ave Marias e
o Pai Nosso,
Tinhas fé e rezavas por
aqueles que amavas;
O teu filho mimado e a
tua grande paixão (o meu pai),
E quando precisaste do
teu Deus, a pedra onde me sento… ardeu.
(como ardem todas as
pedras onde me sento)
Alijó, 14/10/2022
Francisco Luís Fontinha