domingo, 31 de março de 2024

este viver...

Troco um jantar num restaurante de luxo

Por partilhar uma sandes ao teu lado junto ao rio debaixo de uma árvore

Troco contigo um olhar cúmplice ou um sorriso

Por todo o luxo desta cidade

Troco qualquer veículo de luxo por passear ao teu lado na praia

Troco abraçar-te por todo o luxo

Que só o luxo tem

 

E não troco os meus livros

Por luxo nenhum…

 

Talvez os trocasse por estar ao teu lado que para mim era um luxo!

 

(Francisco)

Sistema solar

A quem pertencem os teus olhos de mil estrelas

O que dizem os teus olhos prisioneiros numa fotografia

A quem pertencem os teus lábios sensuais de mil e uma planícies

A quem pertence a tua boca de palavras em silêncio

A quem pertencem os teus dedos que escondem o luar do teu cabelo…

A quem pertence o sistema solar do teu sorriso…!

 

(Francisco)

Fios de luz

Já desci

Até onde tinha de descer

Daqui sei que não passo…

Aqui

Aqui onde estou sentado

O olhar dos fios de luz rompe a escuridão

E vagarosamente poisa em mim

E já desci

Até onde tinha de descer

Que mais me pode preocupar?

Que já desci tudo o que tinha para descer

E não tenho a quem me abraçar…

 

(Francisco)


este simples viver...

Tão simples este meu viver que quase não faz sentido viver…

 

(Francisco)

Desejo-te

Desejo-te quando as páginas do teu corpo

São folheadas pela minha mão

E os meus olhos lêem

As gotinhas de suor da tua pele

 

Desejo-te e imagino que te transformas em poema

E te deitas sobre o meu corpo

E me abraças

E dos teus lábios crescem as sílabas da tarde

 

Desejo-te quando o livro do teu corpo

Dorme dentro dos lençóis da biblioteca

E sobre ti todos os poemas

E dentro de ti… Eu desejo-te

 

 

(Francisco)

Pequeninos pontos de luz

ERA UMA VEZ DOIS PEQUENINOS PONTOS DE LUZ QUE SE DESEJAVAM TANTO E QUE NUNCA SE TOCARAM E QUE NUNCA SE VÃO TOCAR E QUE NUNCA SE VÃO ABRAÇAR E QUE ERA UMA VEZ DOIS PEQUENINOS PONTOS DE LUZ QUE TINHAM MEDO DE AMAR

 

(Francisco)

Parque infantil

As casas e as ruas vestem-se de preto, um silêncio de espuma corre em direcção ao mar

E percebe-se pelo perfume desenhado junto aos rochedos,

Que a tarde será apenas mais um abismo que nem o cego da rua das Trindades consegue imaginar

O mar galga a página de um livro, fico sentado junto ao rio, leio, imagino-te sentada ao meu lado, escutando o que leio…

Imagino-te sorrindo a cada rima desajeitada que sai da minha boca

É quase noite, e a tua mão inventa no meu peito círculos de luz

 

As casas, dormem acreditando que ao outro dia o sol iluminará as janelas azuis que apenas a solidão ultrapassa depois da tempestade

Dos teus olhos, um pedacinho de flor cardada nos primeiros pingos de chuva da manhã

Uma lágrima despede-se dos teus lábios, e a Terra começa a girar ao contrário

E os rios em vez de correrem para o mar, é o mar que galga os rios e corre para a montanha

Há uma palavra sentada sobre esta escuridão

 

As casas e as ruas não são mais casas e ruas, são folhas de jornal que voam ao sabor do vento

As casas estão tristes

As ruas parecem lanças cravadas na calçada

Há uma janela de onde se vê o mar

 

Há uma janela que são os teus olhos

De onde se vê o mar

E o fundo do túnel

 

E as casas e as ruas nunca mais foram casas e ruas

 

Até que o sol as queimou numa tarde no parque infantil.

 

 

(Francisco)

solidão...


Que dizer-te neste dia, que estás linda, que estás muito triste e ausente da manhã

Que dizer-te neste dia, que é mais um dia

Que eu estou muito só

Que tu estás muito só

Que dizer-te neste dia

Que é apenas mais um dia

 

Que dizer-te neste dia, que apetecia-me tocar-te, apenas, ao de leve, como se a minha mão fosse uma pétala de rosa

Que dizer-te, neste dia, nesta hora, neste momento…

 

Que dizer-te neste dia, que não é mais um dia, que dizer-te

 

Quando tudo parece cair sobre o meu corpo!

 

 

(Francisco)

Este bogue começa a não fazer sentido.

Estas palavras e este viver, começam a não fazer sentido…!

Pouca coisa já faz sentido…

 

 

(Francisco)

Todas as noites…

Todas as noites, devagarinho,

Pisas no meu silêncio,

Minha querida menina

De olhos adormecidos,

Todas as noites, devagarinho,

Me dás a tua mão,

E pertinho

Oiço o teu respirar,

Lá longe

Onde ninguém nos poderá ouvir,

Todas as noites, devagarinho,

A tua voz é o meu bálsamo,

O meu adormecer

A canseira de estar acordado…

Todas as noites, devagarinho,

Entras em mim,

Onde só tu, minha querida, poderás entrar…

 

 

(Francisco)

sábado, 30 de março de 2024

Infinito

Vamos fugir para o Infinito

E fazermos amor no silêncio dos nossos gemidos,

Pegar na tua mão

E olhar as estrelas que sorriem para nós

Como se fossemos duas crianças

Que brincam no parque infantil.

Vamos cortar as amarras que nos prendem ao passado

Como ancoras de ferro fundido

Vamos voar como se fossemos duas gaivotas

Sem destino

Sem sitio para aportar.

Vamos fugir para o Infinito

E olhar todas as coisas belas

Correr, correr…correr, como se nunca estivéssemos cansados

E jamais tivéssemos destino,

Vamos acariciar todas as flores

Todas as arvores,

Vamos deitar as nossas cabeças na areia do teu mar

Fazer amor atrás das dunas,

Vamos prometer, um ao outro, que nos vamos amar no futuro,

Até que um de nós parta para o desconhecido…

Vamos fugir para o Infinito

E acordar na madrugada,

Escondermo-nos na neblina

Como se fossemos o D. Sebastião,

Vamos pegar nas pedras,

Mudar o curso dos rios e ribeiras,

Vamos alimentar os nossos sonhos

E deitar foras todos os pesadelos,

Vamos…viver e sermos felizes…

Vamos fugir para o Infinito!

 

 

(Francisco)

Silêncio

Amar-te em silêncio

Sem poder falar a ninguém

Divulgar o meu segredo

Ou simplesmente, dizer-te nos olhos que te amo…

Amar-te não chega

E esta distância parece aumentar

Eu pareço cada vez mais um acorrentado,

Sem forças para viver,

Caminhar…ou te ver.

 

 

(Francisco)

Prometo, minha querida,

prometo que não te vou deixar cair quando a tua noite for fria e escura…!

 

(Francisco)

Nunca serei noite



Nunca pertencerei aos teus braços

Nunca pertencerei aos teus lábios

Nunca serei um rio na tua mão

Nem o mar dos teus olhos.

 

Nunca tocarei no teu cabelo

Se o teu cabelo é uma flor desgovernada no vento

Nunca serei gente

Nunca me amarás antes que desapareça a noite.

 

Nunca serei dia

No dia de pertencer ao teu silêncio

Se no teu sorriso se ergue uma árvore

Com muitos pássaros em papel.

 

Nunca pertencerei à tua noite

Quando ela se veste de insónia

Nunca terei os teus olhos

Dentro da minha despedida.

 

Nunca

Nunca serei o teu livro

Nunca serei uma palavra tua

Nunca serei eu quando eu apenas sou um pedaço de geada…

 

 

(Francisco)

sexta-feira, 29 de março de 2024

esta noite quase...

 


Ressurreição

É quase ressurreição no meu poema.

À terceira noite acordou da esperança de viver

Quando sabia que a manhã nunca acordaria

Uma vez que o silêncio do espinho

Se machuca na despedida.

 

Nunca acordaria do sono

Nem da ausência de caminhar sobre as pedras

Nunca se deixou acomodar pela primeira lágrima da manhã

E, no entanto, desesperou-se de tanto esperar.

 

O medo desintegra-se na distância da madrugada, porque se mantêm entre o orvalho e a geada

Sabendo que do dia aspersava a lágrima deste momento sem sentido

Porque te amo loucamente

E não te devia amar

Muito menos

Loucamente.

 

Muito menos ser poeta.

 

(Francisco)

A árvore dos silêncios

Quando a árvore dos silêncios

Caminha sobre o mar

E em pétalas de sorriso

Voam as gaivotas até ao infinito,

 

E o vento as leva

E no vento se desfazem como pedacinhos de papel

Quando a árvore dos silêncios

Emagrece nas sombras da noite,

 

E uma mão afaga-me o rosto

Limpa-me as lágrimas de escuridão

E sinto que a árvore dos silêncios…

Corre e corre e corre sem parar,

 

Caminha sobre o mar!

 

(Francisco)

Além-mar

Além-mar,

Na constelação

Da matriz transposta,

Troco as linhas

Pelas colunas,

E é uma desilusão acordar

Nas velas deste veleiro em construção,

Sem leme para navegar

E Oceano para se esconder.

Escondo-me no convés com as minhas

Mãos a tremerem no dia que termina e parece escurecer…

E não tenho nada para te oferecer,

Nem silêncio para te dar.

Além-mar,

Fico na terra composta

Escondido nas dunas…

 

(Francisco)

leituras...

 


compasso pascal



Vou chicotear-me para me redimir dos pecados cometidos, depois lavarei os pés a 12 gajos que visitem este blogue, e por fim, as devidas limpezas para receber o compasso pascal no Domingo.

 

(O gás natural vai aumentar.

O gasóleo vai descer.

A gasolina vai aumentar.

São 10 homens e 7 mulheres.

Amanhã é sábado.

Já há governo.)

 

 

(Francisco)

Marear

Pertenço a este triste marear

Ao dispor de um silêncio

Se eu não pertenço

A este luar

 

Se eu não entendo este mar

 

Pertenço a este triste marear

Com este barco desgovernado

Ao fundear

Meu rosto envergonhado

 

Pertenço

Não pertenço

 

A este amar.

 

 

(Francisco)

Ausência

Que posso eu esperar da tua ausência

Se eu próprio sou um ausente

Ausentado do meu espaço

Quando eu questiono a noite

Porquê?

E a noite sabe que eu apenas pertenço a este espaço

Por apego

Por mendicidade

Quando peço um beijo…

E oferecem-me um charro.

 

Que posso eu esperar da minha ausência

Se te ausentas da manhã

Também lá longe

À procura do mar.

 

Que posso eu esperar da tua ausência

Se eu próprio sou um ausente

Ausentado do meu espaço

Quando eu questiono a noite

Porquê?

 

Porquê…

 

(Francisco)

La pasión

 


Pelo criador de fotografia e de arte (Inteligência Artificial) Matthieu Ugb
.

um pouco de humor...


 

Que seja manhã

Agora, espero que seja manhã

Para ver as portadas do teu olhar.

Agora espero, espero que o relógio caminhe velozmente,

Para que seja manhã,

Dia,

Para ver os teus olhos.

 

Agora espero,

Fico aqui sentado,

Esperando,

Que seja dia,

E que hoje o teu cabelo tenha acordado bem disposto…

E que hoje o teu cabelo não esteja ranhoso.

 

Hoje, aqui, acordado, que passe a noite, e que venha o dia, e que venha a chuva, e que seja manhã

Nos teus olhos.

 

Agora, hoje, daqui a pouco vou à lua, e prometo que te levo comigo…

 

 Agora, espero que seja manhã

Para ver as portadas do teu olhar.

 

Imagina tu, ontem à tarde li que a terra começou a rodar mais devagar,

E durante esta insónia, percebi que tem tudo a ver com a física,

E com o problema da bailarina; que quando roda, tem velocidade diferente conforme afasta os braços do corpo ou aproxima os braços do corpo.

 

Agora, espero que seja manhã

Para ver as portadas do teu olhar,

 

Para ver o jardim dos teus lábios,

Em pedacinhos de sorriso envergonhado…

Comprometido…

 

Agora, espero que seja manhã!

 

 

(Francisco)

Estou aqui…

Estou aqui

Meu amor

À tua espera

Neste blogue

Que me batas à janela

E me digas, bom dia, meu amor!

 

Estou aqui

À tua espera

Desde que acordou a noite

Quase não dormi…

No entanto, espero-te…

Aqui!

 

(a Terra começou a rodar mais devagar: isso sim, é preocupante.)

 

 

(Francisco)

quinta-feira, 28 de março de 2024

Tempestade

Amo-te que a noite se inventa

Amo-te nas estrelas interestelares da tua alegria

Nesse imenso sorriso envergonhado

De te amar.

 

Amo-te construindo o verso nos teus olhos

Quando caminho debaixo da noite

E o Inverno se alicerça à madrugada

Num pequeno desperdiçar de amêndoa.

 

Amo-te aos primeiros pingos de chuva

Que a manhã traz e que a manhã leva para a tempestade…

Amo-te e invento-te nas profundezas da madrugada

Ao invés do amanhecer.

 

Amo-te.

 

(Francisco)

Pequena brisa…

 

À parte isto,

 

Uma flor poisa no azul do cardo teu olhar!

 

(Francisco)


Desejar-te

Escrevo com os meus lábios no teu corpo.

Brinco com o teu cabelo

E percebo que o teu cabelo é um arbusto filho da manhã.

E depois do almoço

O teu cabelo

Transforma-se em pequena maré de desejo,

O meu.

 

Desejar-te que esta chuva se entranhe nas palavras que escrevi no teu corpo com os meus lábios…

Desejar-te que a tarde seja um menino de luz

Que voa sobre a sonolência do teu cabelo,

Desejar-te que o silêncio

Mais logo quando regressar a noite dos teus olhos,

Não seja mais o silêncio

Mas sim o desejo.

 

Escrevo, meu amor!

 

(Francisco)

Verso de amar

Se eu pudesse tocar no teu cabelo

Apenas tocar

E escrever nele um verso de amar,

 

Tocar apenas

Acariciar…

O teu cabelo e escrever nele um verso de desejar

Ou nele desenhar

Desenhar um beijo de beijar.

 

(Francisco)

Devaneios

Porque vens aqui?

Sim, tu.

Tu que de hora a hora visitas este espaço

Estes meus devaneios

Estas minhas palavras que não fazem sentido

Que são apenas palavras de um louco

Dizem…

Perdido numa qualquer cidade

 

Sim.

Tu.

Porque me visitas e porque te escondes?

 

Porque me lês e porque me odeias?

 

Sim.

Tu.

Que vens aqui fazer?

Me ler…!

 

(Francisco)

Nuvens de Deus


(Desenho de Francisco Luís Fontinha)

Gosto muito do teu jeito de menina envergonhada

Quando percebo que no teu sorriso habita a cumplicidade

Quando me olhas;

E ficas tão linda, com esse ar de menina!

 

Agora, quanto à chuva e às nuvens

Claro que Deus é o responsável.

Não acredites nessas coisas de condensação, evaporação… ião

Neutrão

Electrão

Não;

Não acredites nisso…

 

Deus é que envia a chuva.

 

(Francisco)

flores

Amo-te dentro desta Primavera de coisas

junto a estas flores de luz

Que iluminam o jardim dos teus olhos.

 

(Francisco)

Andorinha solar

Se eu pudesse escrever

No teu corpo de andorinha solar…

Se eu pudesse desenhar

Nos teus olhos de estrela adormecida,

Se eu pudesse viver…

Viver no teu olhar,

No teu olhar de menina querida,

Se eu pudesse ser,

O poema da tua madrugada,

Ou a tua manhã a acordar,

Se eu pudesse ser a palavra…

A palavra do teu sonhar.

Se eu pudesse… não seria nada!

 

(Francisco)