sábado, março 30, 2024

Nunca serei noite



Nunca pertencerei aos teus braços

Nunca pertencerei aos teus lábios

Nunca serei um rio na tua mão

Nem o mar dos teus olhos.

 

Nunca tocarei no teu cabelo

Se o teu cabelo é uma flor desgovernada no vento

Nunca serei gente

Nunca me amarás antes que desapareça a noite.

 

Nunca serei dia

No dia de pertencer ao teu silêncio

Se no teu sorriso se ergue uma árvore

Com muitos pássaros em papel.

 

Nunca pertencerei à tua noite

Quando ela se veste de insónia

Nunca terei os teus olhos

Dentro da minha despedida.

 

Nunca

Nunca serei o teu livro

Nunca serei uma palavra tua

Nunca serei eu quando eu apenas sou um pedaço de geada…

 

 

(Francisco)

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