Oiço-te, madrugada em
delírio,
Pedacinho de voz
Que voa junto ao mar.
Oiço-te, noite obscura da
vaidade,
Oiço-te, sabendo que não
consegues falar;
Por medo, as palavras da
verdade.
Oiço-te, poema envenenado
Pelo desejo de um luar só
meu,
Com cadeiras, uma mesa e,
alguns livros de leitura.
Oiço-te, percebendo que
amar
É mais do que amar.
Oiço-te, madrugada em
delírio,
Pedacinho de voz
Que voa junto ao mar.
Oiço-te, primeiro beijo.
Oiço-te, o meu primeiro
poema,
O meu primeiro texto.
Oiço-te, sabendo que
dentro da tristeza,
Habita a canção da
saudade,
E dentro da canção da
saudade,
Habitam as tuas doces
palavras;
Tem cuidado!
Não venhas tarde hoje!
E, peço-te,
Peço-te que quando me ouvires,
Te lembres do meu
papagaio em papel,
Aquele tricolor,
lembras-te?
Sim, aquele que deixamos,
lá longe, junto à sanzala.
Oiço-te, madrugada em
delírio,
Pedacinho de voz
Que voa junto ao mar,
Oiço-te, apenas,
Apenas menina do mar.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 21/11/2021
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