Era um sábado triste; ela
tinha morrido.
Quando me perguntaram o
que era a ausência e a saudade, respondi que ambas são uma equação matemática
sem resolução.
Não gosto de conversar
com psicólogos, respondi-lhe.
Aos poucos, a manhã levanta-se
de um sono hibrido, parecendo um buraco nego esquecido no Universo. Entrei,
sentei-me e, pedi um café. Enquanto saboreava o primeiro café de muitos,
percebi que na TV falavam de uma imbecil qualquer, que eu desconhecia, por
ignorância e, que tinha arrasado com um determinado vestido, numa determinada
gala. Confesso; nada percebo de vestidos. Na percebo de galas.
Cansei-me da TV e apenas oiço
rádio e tenho como companhia a TSF.
Era um sábado triste. Aos
pouco percebi que todas as flores do meu jardim se preparavam para o passeio
matinal de um sábado triste. Indiferente, puxei de um cigarro e sentei-me junto
a elas. Comecei a desenhar no chão uns riscos estranhos, que só me lembro de os
ter feito quando do falecimento do meu pai.
Esses riscos, esses
desenhos, acompanham-me diariamente e, quando me perguntam o que é a ausência e
a saudade, respondo que são uma equação matemática sem resolução; e claro, não
gosto de conversar com psicólogos.
Despedia-se de mim o sono
e todos os sonhos da minha infância. Estar vivo, era sem dúvida um presente de
Deus; dizia-o a minha mãe, vezes sem conta e, acredito que ela tinha razão.
Imaginem, por hipótese,
que Deus não é nada mais do que uma complexa equação matemática que vive,
brinca e, dorme nas nossas mãos.
Imaginem, que essa mesma
equação, um dia, vai ser descoberta e resolvida.
Parece que estou a ver
essa equação, dormindo na minha secretária.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 21/11/2021
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