Poesia...
Hoje
centenas de iões dentro de um quarto escuro, sem janelas, sem porta
Cadeia?
A cárcere,
da palavra, sem porta, sem.… vida, mesmo assim sou feliz naquele local,
chamar-lhe-ás... cemitério, jazigo, mas não, meu amor, a cárcere da palavra,
como?
A cárcere,
da palavra, ou, A cárcere da palavra?
Narcisos,
viajantes bagagem, imponderáveis poetas, nos beijos, nas bocas sideradas pela
saliva, em pequeno, ele, imaginava a escola um grande navio, o porão
Tão fundo,
mãe,
Meu amor,
as palavras cinza das minhas mãos, ter-te e não te ter, nos meus braços, as
imagens a preto-e-branco dos teus olhos, existes?
Tão fundo,
mãe...
A paixão e
o amor, o centeio correndo em redor do pôr-do-sol, e ele
Coitado,
imaginar uma escola um grande barco...
Louco, e
ele, mãe, dizia-me que os sonhos são desenhos de um qualquer pintor em
desespero, a renda de casa, luz, pouco mais do que isso
Pobres
homens e mulheres...!
Tão fundo,
mãe... a paixão e o amor, o centeio correndo em redor do pôr-do-sol, e ele... e
ele embrulhado em sonhos, sonhos, mãe...
As três
ciganas do deserto, os homens buscam a sina do silêncio, imaginam-se uma
criança de prata, frágil, brincando nas palavras rochosas da poesia, João
perde-se nas cartas,
O jogo,
A mentira
Fugir para
outros continentes, outras galáxias... os homens, apaixonados pelos berros, da
menopausa, o sal brincando nas encostas do abutre negro, sobre ela o beijo
desenhado na areia, colorido, embrulhava-a numa estrofe envergonhada, levava-a
para as cabanas dos sonhos adormecidos, cerrou os olhos
Foi bom,
amor,
Só?
Só
As
pálpebras de solidão gritando pela liberdade, amanhã vou recomeçar a viver, a
sonhar, a.… a escrever nos teus olhos,
Como são os
teus olhos, meu amor!
Perdi-me,
Só?
Deus,
cambaleando pelas ruas do sofrimento, olha-me e pergunta-me
Meu filho!
Sim, pai...
O corpo,
meu filho, o corpo...
Três
ciganas abraçadas à ardósia da tarde, os homens, conversas, e...
Palavras...
E, sim pai,
não percebo as tuas palavras e não percebo os teus poemas,
Desculpa-me.…
meu filho,
Palavras...
Só?
O falso
rico esquecido no asilo do dinheiro, porque incha o corpo do rico e míngua o
corpo do pobre?
As
palavras,
Só. eu?
E.…, e sim,
o cemitério engasgado nos ossos de António, o meu melhor amigo, companheiro, e.…
e nem me avisou que ia viajar, de veleiro ao ombro, meia dúzia de bicuatas... e
nunca
A fome
dentro de um subscrito, lembrava-se das tardes de infância inventando barcos em
esferovite e sonhos, ele
As
palavras?
Ele sorria,
percebia-se no seu rosto o esqueleto e a alma da alegria, e, no entanto,
morreu...
E nunca, e
nunca mais conversou comigo...
Francisco
Luís Fontinha
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