A
noite começa a perder-se nas tuas mãos, entre montanhas sinto os teus lábios
emagrecidos pela solidão, adormecidos, tristes… perdidos, abençoadas estrelas
que me iluminam sem qualquer tipo de perdão, uma carta não escrita, algumas
palavras semeadas no teu olhar, quando lá longe, oiço o assassino do mar, mãos
ensanguentadas, lágrimas disparadas pela espingarda do sono,
Um
canhão evapora-se debaixo do luar, escrevo-te para me sentir feliz, invento-te
para me sentir livre, rebelde e desemparado nas ruelas nocturnas do cansaço,
oiço-os
Vomitam
insónias, dormem no desassossego dos pássaros envenenados pelos teus lábios, os
livros sofrem, os livros morrem ao nascer do Sol, e tenho no corpo um solstício
amedrontado, oiço-os
Marcham
Calçada abaixo, rumam aos bares não iluminados, estátuas de sombra sentadas
numa esplanada, debaixo, em cima, e, no entanto, sou um soldado desgraçado,
moribundo, procurando barcos nas tuas pálpebras…
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
19 de Novembro de 2017
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