Nunca
soube quem eras, pertencias às tardes de espuma que brincavam no meu imaginado
Oceano, a planície recheada de sombras e infindáveis gritos de geada contra os
pinheiros em cartão, os corpos suspensos numa corda invisível, triste, nunca
soube porque pertencias às fotografias poeirentas quando regressava o sonho,
embrulhavas-te nos finos silêncios da vida, desenhavas a dor no esquecimento da
alegria,
-
A vida é uma corrente em aço sonolento, dizias-me enquanto eu lia AL Berto,
pensava que me mentias apenas para me confortares, admiro a força das tuas
palavras, as esplanadas junto ao Tejo, e eu
Mentia-te
como te minto neste momento, sei que não acreditas em mim nem nos meus barcos
embalsamados, querias a noite, e eu
-
Desenhava a noite no teu peito,
Fugias
de mim,
Acreditavas
nas cidades incógnitas, não dormias porque não sabias se eu acordaria mais,
acordei, chorei, amei, e caguei nas tuas mãos,
Fugias
de mim, meu amor,
A
noite levava-te para outro continente, vestias-te de chuva, na cabeça o sorriso
da pura inocência que a madrugada deixava em ti, desenhavas a noite no meu
peito, saltitavas nos meus lábios cerâmicos, enquanto te escrevo oiço o poema
de AL Berto dedicado a Cesariny, “tão triste,
Mário!”,
-
Tão triste esta alvorada sem identificação, e novamente, tu, a vida é uma
corrente em aço sonolento, uma gaivota, um pedaço de maré assassinada pela
ausência, a partida, sempre sem regresso, sempre tão simpática…
Boa
noite…
-
A vida…
Pode
ser, qualquer coisa que me faça esquecer os dias, as noites e as máscaras do
meu rosto.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
19 de Julho de 2015
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