O gatilho da paixão
uma bala vestida de
palavra
entranha-se no meu
peito
grito
grito o poema
assassinado pelo poeta
a espingarda da
saudade
nos lábios tristes
da madrugada
o gatilho da paixão
em pausa
suspenso na minha
mão
disparo
não disparo...
mato
morro
não sei...
quando o papel arde
no pôr-do-sol da
solidão
o amor
o amor das
clandestinas manhãs
e o uivo da boca
no beijo cansado das
nuvens de algodão
não paro
caminho em direcção
às equações do sono
é amanhecer
vejo a cidade em
lágrimas
chove
nos cabelos da maré
invento-me nos teus
braços
como um louco
esqueleto de pano...
o piano
dança junto à
lareira do adeus
a despedida
a partida
uma mala vazia
quase vazia
porque lá...
habitam os socalcos do sonho.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 22 de Março
de 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário