sexta-feira, 4 de julho de 2014

Sabias dizer-me


Sabias dizer-me a cor dos teus olhos,
nunca esqueceste o cansaço dos meus cabelos,
sabias... e deixaste de saber...
o que escrevo,
o que quero escrever,
sabias como eram as madrugadas de Agosto num jardim clandestino,
tão pequenino,
tão...
e deixaste de perceber os silêncios do amanhecer,
sabias dizer-me a cor dos teus olhos,
sabias,
sabias e tinhas medo da minha voz trémula,

Desfocada no espelho de um quarto escuro...
sabias,
e não me querias dizer...
como eram belas as gaivotas do Tejo,

De como eram belas as ruas desertas de Belém,
sabias a cor dos teus olhos...
… e não sabias... e não querias saber...
de como eram belos os barcos que vociferavam palavras nas noites frias de Inverno,
que inferno,
saberes...
e não me quereres dizer,
que... que havia uma janela pintada de veludo,
que... que havia uma clarabóia sobre o esqueleto do Oceano,
tu sabias,
tu sempre soubeste...
que eu, que eu era construído em ferro fundido dúctil.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 4 de Julho de 2014

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