Sabias dizer-me a
cor dos teus olhos,
nunca esqueceste o
cansaço dos meus cabelos,
sabias... e deixaste
de saber...
o que escrevo,
o que quero
escrever,
sabias como eram as
madrugadas de Agosto num jardim clandestino,
tão pequenino,
tão...
e deixaste de
perceber os silêncios do amanhecer,
sabias dizer-me a
cor dos teus olhos,
sabias,
sabias e tinhas medo
da minha voz trémula,
Desfocada no espelho
de um quarto escuro...
sabias,
e não me querias
dizer...
como eram belas as
gaivotas do Tejo,
De como eram belas
as ruas desertas de Belém,
sabias a cor dos
teus olhos...
… e não sabias...
e não querias saber...
de como eram belos
os barcos que vociferavam palavras nas noites frias de Inverno,
que inferno,
saberes...
e não me quereres
dizer,
que... que havia uma
janela pintada de veludo,
que... que havia uma
clarabóia sobre o esqueleto do Oceano,
tu sabias,
tu sempre
soubeste...
que eu, que eu era
construído em ferro fundido dúctil.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 4 de
Julho de 2014
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