foto de: A&M ART and Photos |
Perdi o teu olhar na penumbra seara de
trigo,
tínhamos descoberto o silêncios dos
rios que dormiam nas nossas veias,
perdi o teu olhar das palavras por
escrever,
e sentia em ti o desejo de partires,
à janela apareciam as imagens que
tínhamos deixado do outro lado do muro,
havia um fino sorriso de melancolia e
as tuas mãos tremiam como tremia a tua voz de centeio,
perdi o teu olhar,
e da penumbra seara de trigo apenas
sobejaram as flores envenenadas dos beijos adormecidos,
Descemos a montanha,
dormíamos nas almofadas clarabóias
das rochas graníticas,
líamos as estrelas junto ao cais das
laranjeiras, e... e sentíamos o florescer da manhã com rosas,
sobre nós um papagaio de papel lançava
pequenos grãos de areia e alguns favos de mel...
as abelhas descoloridas morriam,
como nós, hoje,
cadáveres de gesso suspensos nas
amoreiras,
e havia sempre uma criança em ti que
me fazia sonhar...
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 2 de Março de 2014
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