foto de: A&M ART and Photos
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acreditava nas palavras embalsamadas
das tuas mãos de sílaba adormecida
tínhamos uma ponte em madeira quando
entrava a noite no túnel do desejo
e dentro de nós
uma fogueira vagabunda
suja
… imunda
caminhava até que a Lua desaparecia no
silêncio vestida em candeeiros a petróleo
fumávamos as letras de um distante
alfabeto
inaudível
incompreensível...
como são as janelas do teu irreal
olhar
depois de derreterem os cortinados de
porcelana
imaginava-te louca sentada numa cadeira
de lágrimas
imaginava-te voando sobre a cidade
encurralada nos cadeados de aço
imaginava-te
… imunda
suja
uma fogueira vagabunda
correndo pelas arcadas do magnetismo
sofrimento
que fazem das paredes de gesso
esqueletos doridos
há pregos que rompem as nuvens dos
telhados de vidro
e acreditava nas palavras... de sílaba
adormecida...
e dentro de nós
um foguetão de areia semeado no
quintal da infância
havia cavalos saltitando no zinco das
traseiras vizinha
havia uma varanda com dentes de marfim
e lábios de seda que o mel abelha
deixou sobre a cortiça madrugada
e eu
acreditava
e tu
acreditavas
nas palavras pertencentes ao nosso
alfabeto
imaginava-te
… imunda
suja
uma fogueira vagabunda em gotinhas de
suor...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
quinta-feira, 3 de Outubro de 2013
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