foto de: A&M ART and Photos
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no rochedo da saudade vive o teu meu
coração repatriado
escondíamos-nos do amanhecer quando
todas as estrelas cessavam de brilhar
quando sentia o teu sorriso no espelho
da paixão
comestíveis beijos insufláveis
desciam das árvores em solidão
no rochedo da saudade
vivia
amava
e comestíveis beijos com esqueletos de
prata
no rochedo da saudade vive o teu meu
cansaço
quando tínhamos noites intermináveis
sentados num banco de jardim
conversávamos sobre tudo e sobre nada
e sentia o brilho do teu olhar
como uma donzela tela
pincelada com acrílicas cores
depois tínhamos a sombra dos plátanos
de livro na mão
liam-nos poemas
escrevíamos-lhes poemas
sentados num banco de jardim...
e imaginávamos à nossa frente o
palpitar do rio furioso por ter perdido o mar
víamos veleiros pintados na claridade
da aurora boreal em comestíveis chamas de suor
liam-nos poemas
escondidos caracteres minúsculos
sobejavam das rosas de papel
e diziam-nos que a lua amava o silêncio
como nós
um piano vadio brincava no soalho da
biblioteca
e tínhamos acabado de regressar das
montanhas alicerçadas às gaivotas desgovernadas
sentadas
como nós
num simples banco em madeira
e liam-nos poemas
e escrevíamos-lhes poemas como se
fossem migalhas de pão depois do pequeno-almoço...
não acordávamos porque a noite
embriagava-nos com palavras
textos
e comestíveis beijos
e poemas
por comestíveis pinceladas acrílicas
saborosas que os teus lábios iluminavam
e víamos o rochedo da saudade
chorar
e pigmentos sólidos de vento
balançavam nos teus cabelos de limalha incandescente...
não sabíamos que existia a teoria da
relatividade
e desconhecíamos a trigonometria
pensávamos que os círculos eram
mulheres deitadas
nuas
sobre a geométrica cama com lençóis
de porcelana
e lá
no teu peito
os rochedos da saudade vomitando cinza
de velhos cigarros como poemas envenenados pelo ciume...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 4 de Outubro de 2013
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