foto de: A&M ART and Photos
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dormes sobre as areias movediças da
insónia
alimentas-te dos corpos flutuantes que
a morte absorve
nas tardes infinitas de Outono
dormes sobre a tempestade imaginada
pelo esqueleto de aço do beijo
e lá fora junto à lápide sinto o teu
nome reflectido no espelho da solidão
há borboletas no teu cabelo loiro que
as nuvens de algodão comem...
e da tua mão em papel cinzento... o
livro da paixão em pedaços de sofrimento na lareira de sémen
prateado das algibeiras clandestinas que as janelas de olhos vendados
sentem
gritam
choram...
adormeces no banco em madeira no
rés-do-chão de uma decrépita estação de comboios
voando sobre a cidade dos pássaros
voando...
e choram
gritam
e sentem
sentem as areias movediças da tristeza
dormes sobre o meu cansaço travestido
de areia movediça
e sinto-te entranhada no pólen da
minha pele ensanguentada pelas palavras parvas
absortas
lânguidas...
abstractas
palavras filhas das palavras parvas...
e dizem que o amor é impossível entre
sucata de carris
e carris sucata de barcos em Agosto
flor
oiço as tuas lágrimas como se elas
fossem letras semeadas na planície dos lençóis de linho
húmidos
voando...
e choram
gritam
e sentem
as alheias paredes de granito que
dividem os círculos azuis dos teus seios
em sons melódicos que um velho piano
bebe dos guindastes junto ao Tejo
e dizem que sou apenas uma sombra
e dizem que tu és uma lápide sobre o
meu peito...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 1 de Outubro de 2013
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