foto: A&M ART and Photos
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Sentia as tuas mãos a sufocarem-me das
palavras não escritas
promessas incompreendidas quando havia
uma manhã de desejo
correndo encosta abaixo
afogando-se nas veias submersas em
saliva que escondiam sombras do meu pobre esqueleto
ossos e pó deles envenenados pelas
imagens a preto-e-branco dos meus lábios descoloridos,
Amargos
sofridos quando sabíamos que era o
último reencontro após a partida em direcção ao nada
sabíamos e não o confidenciamos a
ninguém
apenas trocávamos verdes olhares de
verdes olhos
em frente à inocência saudade,
Sentia a tuas mãos de xisto
vagueando no meu corpo de árvore em
papel paixão
poisavam pássaros em ti
e ouviam-se as tuas dolorosas canções
de amor
caminhando sobre a praia-mar...
Uma floresta de carnívoras madrugadas
acordava dentro de nós
quando abrias os olhos e sabias que já
tinha partido
descia a janela com vista para as
rochas mergulhadas no mar...
e procurava da noite dispersos gemidos
de ti
que eu pensava serem versos nas folhas
mortas do poeta,
O livro escrevia-se conforme se
extinguiam as luzes dos nossos gemidos
formatávamos os nossos discos rígidos
até percebermos que já não éramos nós
eu deixei de saber quem eras
e tu, tu percebias que eu não passava
de um mero cortinado de areia
a brincar numa rua de Luanda...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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