sexta-feira, 4 de março de 2022

Estas palavras

 

As palavras envenenadas

Dançam sobre a floresta

Dos olhos cansados.

O poema nasce

Depois da noite se abraçar à ribeira,

O poema cresce,

Enforca-se nas páginas de um livro.

Os poemas são os olhos,

As palavras são a espingarda da madrugada,

As palavras envenenadas,

Que dançam sobre a floresta,

Nos olhos assassinados,

 

Nos olhos da madrugada.

As palavras morrem,

As palavras crescem,

A espingarda que dispara palavras,

Dentro da alvorada.

Estas palavras assassinas,

Nestas tardes de canseira,

As palavras disparadas,

Contra a lua desgovernada.

As palavras de mim,

Nas rochas amorfas da solidão…

Quando as palavras se enforcam.

 

 

Alijó, 04/03/2022

Francisco Luís Fontinha

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Silêncio no teu olhar

 

Silêncio no teu olhar

Menina das flores desenhadas,

Saudades do mar

E das palavras abraçadas.

 

Menina do meu luar,

Descendo a calçada,

Menina dos beijos de beijar,

Enquanto dorme a madrugada.

 

Silêncio no teu olhar

No poema adormecido,

Silêncio de amar,

 

Amar o verso encantado.

Menina do poema perdido,

Perdido no meu corpo envenenado.

 

 

Alijó, 27/02/2022

Francisco Luís Fontinha

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Instantes

 

Somos instantes.

Sombras adormecidas,

Nas mãos do poema,

Somos cansaços,

Pinturas abstractas,

Somos liberdade,

Das palavras,

Nas palavras,

 

Somos nada.

Somos a noite,

Enquanto dormem os esqueletos de vidro,

Somos guerra,

Somos fome,

Somos instantes,

Pessoas sem nome,

Nesta vida sem sentido.

 

Somos abraços

Dos beijos que voam,

Somos luar,

Somos a fogueira,

Somos instantes,

Somos a pedra,

Somos o vinho…

Somos pedaços.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 26/02/2022