quinta-feira, 27 de julho de 2017

Julho / 27-07-2017


Todos morreram…

O pai,

A mãe…

E todos os sonhos da seara longa,

Lá longe uma porta líquida evapora-se

E no centro da casa um poço absorve toda a tristeza,

 

O cansaço também cansa a solidão,

A solidão dos dias,

Das noites…

E de todas as madrugadas.

 

Todos morreram…

 

E a noite levou-a para outro lugar.

 

 

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Esquina de Luz


Regressa o passado,

De longe recebo a última réstia de sombra,

O filme que vivi…

Voltará?

Sem paciência com as palavras,

Sem vontade de sorrir…

Se voltar…, cá estarei firme…

Como sempre…

Como sempre,

Firme e de pedra.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 26/07/2017

terça-feira, 25 de julho de 2017

A janela esfomeada


Uma janela esfomeada

Virada para o mar,

O cansado dia prisioneiro na janela virada para o mar,

Uma janela esfomeada

Na luminosidade obscura da cidade,

Entra um barco em soluços,

Embriagado pelo sal,

Uma janela esfomeada

Na sombra das árvores do quintal,

Um pássaro vestido de janela…

Procurando o cortinado do anoitecer,

A prenda,

O segredo de hoje,

Os indignados de ontem…

Com a notícia de hoje,

O prego enferrujado no “CU” de Judas…

Longe de mim,

Perto de ti…

Uma janela esfomeada

Sem coração,

Recheada de beijos,

Abraços…

E o carrasco enforcado na janela esfomeada,

Virada para o mar…

Termina o Sol,

Nasce a noite nos socalcos do cansaço…

E vai-se vivendo ouvindo as tuas palavras vãs…

O anão,

O eterno anão a “cagar” no deserto.

FIM.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 25 de Julho de 2017