sábado, 30 de julho de 2016

As pedras de sofrer


As pedras

Onde nos sentamos e descansamos

Onde alicerçamos as mãos

E escrevamos

As palavras de sofrer…

 

As pedras

Do xisto madrugar

Que o príncipe depois de se deitar

Sonha com as pedras de amar,

 

As pedras

De ler…

 

As pedras de morrer

Sufocadas pelos beijos

As pedras

Meu amor

Dançando desejos

Nas janelas de acordar,

 

As pedras

De fumar

Nas searas cansadas pelos vento…

Não sentindo o mar

Nas pedras do pensamento,

 

(As pedras

Onde nos sentamos e descansamos

Onde alicerçamos as mãos

E escrevamos

As palavras de sofrer…)

 

Das pedras do saber…

 

Francisco Luís Fontinha

sábado, 30 de Julho de 2016

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A noite sem rumo a noite sem vela


O vento a leva

O traz o vento depois da geada

Nos lábios da cegonha

As tuas palavras ofendidas

Nos miseráveis finais de tarde

Junto ao rio…

O silêncio do mar

Encastrado nos teus seios de espuma

O branco da tela

Sobre os lençóis da despedida

O vento a leva

O traz o vento…

Os socalcos do douro dançando numa velha esplanada…

E dos teus braços

As minhas mãos ensanguentadas

Putrefactas nos jazigos de pedra

O vento

Meu amor

O traz

A leva

Até ao pôr-do-sol

Se deitar no teu cabelo

O vento a leva…

O traz o vento…

A noite sem rumo

A noite sem vela.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Quarta-feira, 27 de Julho de 2016