segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
domingo, 15 de fevereiro de 2015
A viagem sem regresso
(desenho de
Francisco Luís Fontinha)
Perdi-me nas aldeias
incendiadas do prazer,
desassossegadamente,
o teu corpo entrelaçado nos meus braços de xisto,
descendo cada
socalco meu,
entre nós... o rio
e a saudade dos
Sábados folheando livros,
e beijos,
perdi-me nas aldeias
incendiadas do prazer
como se fosse um
pássaro sem Pátria,
fugindo da lentidão
das coisas belas,
os cigarros em
tristes sorrisos de esferovite...
boiando como um
carnívoro na liberdade das palavras,
com sotaque a
náufrago envelhecido,
Sinto no corpo,
as garras e os fios
de luz da loucura,
as cabeleiras falsas
voando nos meus ombros
em chocolate
embriagado,
os teus lábios
pincelados de amanhecer...
e todas as janelas
encerradas,
dentro de um caixote
em madeira,
tarecos, miudezas e
esqueletos de vinil,
a viagem sem
regresso,
quando os seios da
noite
mergulham nos
alpendres floridos
e tu... junto à
lareira da paixão,
Um livro,
Embrulham-se em nós
as personagens da escuridão,
da tua mão
sinto
em pequeníssimas
fatias de luar
a saudade e o
perigoso feitiço do amor,
o livro saltita em
nós,
come-nos e acende
todas as lanternas do ciume...
não venhas, hoje,
meu amor,
um livro,
e embrulham-se
em nós as lâminas
da poesia...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 15 de
Fevereiro de 2015
(desenho
de Francisco Luís Fontinha)
As
tristes viagens ao cacimbo da infância, o sombreado rosto no
pavimento térreo e sem nome, as mangueiras no retrato do meu avô,
de machimbombo na mão, abria-se o portão de entrada, um beijo,
infinitos abraços... e o sentar numa cadeira de vime,
O
cansaço disfarçado de saudade, a tela do silêncio em pequenos
suspiros de amor, o sexo mergulhado nas frestas do passado, a morte e
a loucura, e uma equação irresolúvel, menstruada nas sílabas da
madrugada, não sei o significado desta noite,
Faltam-me
as palavras,
E os
desenhos,
Faltam-me
as palavras certas para a tua boca de verniz, e quanto aos desenhos
Uma
porcaria,
Sem
nexo, abstractos como o teu sorriso, e tristes como o final da tarde
junto ao rio, O Tejo embriagado nos meus lábios, os esqueletos de
palha ardendo na maré, e uma porcaria
Os
meus desenhos?
E
tu,
Uma
porcaria como todas as porcarias da minha vida,
E
tu,
A
“Divina Comédia”...
Entre
as minhas pálpebras de arroz,
Francisco
Luís Fontinha . Alijó
Domingo,
15 de Fevereiro de 2015
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