domingo, 27 de abril de 2014

cais do adormecer

no seu término o dia mistura-se com as sombras do prazer
o teu corpo mergulha sobre o meu peito flácido
quase a adormecer
lá fora há poemas por escrever
palavras vagabundas correndo junto ao Tejo
folheio as pequenas páginas dos teus seios
descubro o significado de “Amor”...
e sinto a paixão a entranhar-se nos meus ombros

há silêncios a descer a tua pele de doirado sémen
que acabam por morrer
semeiam-se nos límpidos lençóis de seda
como jangadas esquecidas em Cais do Sodré...
afinal... o sonho são as pequenas páginas dos teus seios
à janela do “Adeus”
simplesmente inventando soníferos de cartão
e livros a arder

há em ti um púbis construído de andorinhas
e flores de papel
e no seu término...
o dia... o dia cansado de viver
como se o teu corpo embrulhado nos meus braços de aço laminado
adormecesse vivesse amasse e morresse
e descubro o significado de “Amor”...
e de ser “amado”.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 27 de Abril de 2014




sombras


há silêncio nos teus lábios
pequenos beijos envenenados pela paixão
palavras dispersas
palavras sem canção
há matemática no teu olhar
equações trigonométricas nos teus braços
há silêncios...
e pedacinhos panos com sabor a saudade
disfarçados de madrugada
há barcos fantasma na tua mão Oceano
e sombras e sombras... e sombras que a noite vomita
e alimentam o teu sonho


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 27 de Abril de 2014