sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Tsunamis...

foto de: A&M ART and Photos

A nocturna profecia do chorado sexo oral
o carro estacionado junto às lágrimas da Barragem embrionária
um barco apita
e da tua boca delírios de sémen como tempestades de silêncio...
a nocturna loucura do sexo entre as tuas mãos
e tu acreditando nas estrelas inventando labaredas de cinza como bonecos de peluche entre as tuas coxas
dizes que adoras o sexo pelo sexo
e choras como uma cabra embainhada nas ardósias dos tristes Tsunamis...
e antes deles as desejadas ejaculações na tua boca de fresta cinzenta
e antes deles... as tuas mãos deambulando gotículas de suor
vomitas os sons gemidos do prazer...
e no fim... arrotas... arrotas como uma criança acabada de acordar...
puta desalmada
cabra cansada pulando de carro em carro de cama em cama... e de cidade em cidade...
pinheiro bravio infernizando as sílabas do medo
trazes em ti o veneno
e a triste vergonha de seres como és...
a nocturna profecia do chorado sexo oral
rompendo a madrugada
descendo calçadas
subindo
subindo escadas... descalça... triste e puta... só
procurando pénis em todos os andares da ruína cidade dos ventos
e provocas e provocas... não percebendo tu que as estrelas são a limalha do ódio...



(não revisto – ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 10 de Janeiro de 2014

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Deixar de acreditar

foto de: A&M ART and Photos

Desejar o sol é muito
porque nada desejei
escrever é estar vivo... amar quem nunca amei
e nunca quis acreditar nas esplanadas em vidro
desejar a lua é tão pouco pouco
para quem quer ser as frestas de solidão que embrulham o teu desnudo corpo
as flores
os cansaços emagrecidos do plasma adormecido,

Desejar é pouco ou quase nada
desejar o silêncio que embainham os teus lábios... desejei-o e cansei-me de esperar
que abrissem as janelas do doce colarinho de espuma que o mar deixa sobre os lençóis de seda...
desejar é tudo
desejar... desejar que arrefeça a tua mão
que cresça o tua paixão com asas em papel... desejar o sol
e ter a lua
desejar a lua
e ter apenas a sombra da montanha... sem o sol vomitando asneiras em palavras envenenadas
desejar-te como o és... uma rosa nua
de veludo
uma rosa apaixonada dos jardins suspensos que habitam a madrugada,

Sem fronteiras de cetim
deitada a meus pés...
desejar o sol é muito
porque nada desejei
escrever é estar vivo... amar quem nunca amei
e nunca quis acreditar nas esplanadas em vidro
desejar a lua
é pouco... tão pouco... tão pouco... que deixei de acreditar que estou vivo...


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 9 de Janeiro de 2014