sábado, 13 de julho de 2013

Veneno

foto: A&M ART and Photos

salivas-me às gotículas meninas da árvore da tempestade
sabia-te mergulhada nas fantasias mistas dos vidros das portas ensonadas
como mentiras envenenadas
pelos fotões invisíveis da pele sílaba que rompem dos teus grossos lábios
de simples tiras finas de cascatas em vibração até terminarem no rio do desejo criança...
envenenas-me com o teu olhar mesmo sabendo eu que sou uma pedra
uma rocha mingua nua e contígua à claridade da cidade adormecida
e dos livros de chocolate adivinham-se-me tentáculos de silício entre raízes nocturnas,

Ruas com cérebro de teias de aranha
“putas” descabidas nas profundidades da carne apodrecida
velhos rezando o terço enquanto uma flor se masturba nos infinitos versos sem sentido
porque diz-se hoje aquilo que amanhã deixa de existir
escrevem-se palavras vindo depois desdizer-se como não escritas
e os olhos testemunham os silêncios do pedestal
onde habitas como estátua
e choras porque hoje é sábado e todos as horas morrem depois da tarde entrar em ti,

Os teus orgasmos descem da lisa pele de uma imagem a preto-e-branco
como ontem dizias-me que a loucura entrava-nos depois de rolarmos calçada abaixo
e o Tejo abraçava-nos e o Tejo ouvia-nos na escuridão dos veleiros ensanguentados
a enrolarmos charros de areia e sentávamos-nos sobre as pernas de um vulto à procura
de pálpebras e corações apaixonados...
um petroleiro entrava em ti e de mim... e de mim fios de sémen suicidando-se
na árvore da insónia
como panos de chita à volta das tuas coxas de menina perdida no rio da noite...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

O veneno do amor

foto: A&M ART and Photos

Sentia-te nos meus pobres sonhos como uma andorinha
sabia-te dentro de um círculo de luz
sentindo-te camuflares-te a mim ente poemas e versos
palavras e conversas sem significado,,,,
encontrava-te nas veias a saliva da manhã
quando acordavas nos meus braços despedidos do ontem
amava-te pensava eu
sabendo que os úmeros são conversas de loucos
apaixonados por flores carnívoras em dente de marfim
adorava-te como adoro o sol a noite e os orgasmos dispersos como manhãs...
e tu nos meus braços
desaparecias como testemunhas de cadáveres envenenados pelo amor...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 12 de julho de 2013

e tu desapareces nas asas... do silêncio

foto: A&M ART and Photos

Silêncio
liberdade de ter
e não possuir

silêncio
quando acorda a solidão
e a triste insónia
mergulha
afável
nas tuas coxas de água salgada

silêncio
quando o teu corpo é pó
deambulando entre os crucifixos em madeira
e sorriem enquanto fazemos amor
e olhas-me como se eu fosse um pincel de areia
sem lábios nem pálpebras
quando semeadas na esfera do desejo
silêncio... que te vou amar

silêncio
liberdade de ter
e não possuir

silêncio
transformado em voo nocturno sobre os pássaros do teu púbis...
silêncio cansaço em trapézios de transversais seios dispersos no teu corpo
e da alvorada
nada
possuir-te nas mãos encardidas pelos beijos da tua sagrada boca
silêncio porque ao desejar-te
todos os vidros
estilhaçam
partem
em finas películas de dor
e tu desapareces nas asas... do silêncio

amor
pequenas palavras no equilíbrio da madrugada
há silêncio
não há louco ou louca ou pássaro...
apenas penugem e silêncio vento em teus cabelos cinzentos
amor... do silêncio

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha