segunda-feira, 26 de agosto de 2024

 


Este fim-de-semana, no sábado à noite, eu e a Cristina, fomos a S. Mamede de Ribatua à festa das vindimas.

Ao chegar ao jardim das laranjeiras deparei-me com uma pequena construção que está a ser edificada no local, e ao encontrar-me com o senhor Presidente da Junta (Mário Vaz), de quem sou amigo, questionei-o para que serviria no futuro aquele espaço.

Explicou-me que seria uma esplanada de apoio aos residentes e turistas que visitem o jardim e S. Mamede de Ribatua e que também funcionará como posto de turismo; ora aqui está uma excelente ideia.

Em S. Mamede de Ribatua o turista poderá sempre visitar a aldeia que é lindíssima, poderá ir ao miradouro do Ujo, que é deslumbrante sobre o rio Tua ou fazer o trilho das fragas más.

Uma excelente ideia que poderia ser executada no espaço circundante ao plátano de Alijó (árvore grande).

Mas ideias para quê? Se desde que o PPD/PSD-CDS-PP chegou ao poder nunca mais abriu o Auditório Municipal… e a cultura é apenas um nome.

Estranho é que o Canil Municipal já tenha o seu quadro de pessoal em funcionamento e colocado…, mas os cães, são cada vez mais nas ruas de Alijó.

Depois, depois dizem que o poeta é maluco.

 

Alijó foi palco de lugares e pessoas características, que com o passar dos anos, desapareceram. Quase que em cada esquina, havia uma tasca, um café ou um restaurante.

Hoje existem alguns imbecis e novos-ricos.

Hoje o centro da vila está despovoado, e ao fim-de-semana, muitas das vezes, não há onde se possa tomar um café ou saborear uma refeição. Dos poucos que existem, estão encerrados ao fim-de-semana.

Depois queixam-se os empresários de que os turistas não vêm, mas pensando bem, vêm cá fazer o quê? Ver caixotes do lixo a abarrotar e cães vadios e restaurantes e similares encerrados?

Em meados dos anos oitenta, éramos cerca de dois mil alunos na Escola Secundário D. Sancho Segundo e Escola Preparatória; hoje nem seiscentos são na totalidade.

Nos intervalos das aulas, ou após as aulas, íamos até à tasca do Zezé pitadas, onde hoje é o laboratório de análises da Unilabs. Bebíamos copos de vinho, moscatel ou cerveja. Comíamos uma posta de raia frita ou um ovo cozido. Às vezes, quase sempre, alguém levava uma guitarra e ficávamos lá…

Conversávamos muito.

Não tínhamos tecnologia, mas usávamos a cabeça.

Hoje têm tanta tecnologia, e não utilizam a cabeça.

O Zezé pitadas ou José de Barros Lopes foi um dos maiores dadores de sangue do Concelho de Alijó com honras de notícia de jornal na altura e tem uma rua com o seu nome.

Que saudades destes lugares e desta gente.

 


Frangemelindo, homem de um só coração, borrou-se todo, quando sorrateiramente deitado sobre a cama, sentiu o treme treme da madrugada passada.

A cama baloiçava sobre as ondas sísmicas das cinco horas e onze minutos, o copo e a dentadura postiça, poisados sobre a mesa-de-cabeceira, acordaram mais tarde, junto à lareira e a janela desapareceu de uma só vez.

Devo estar bêbado, pensou ele.

E de bebedeira em bebedeira, e de treme treme em treme treme, lá foi ele aos poucos erguendo-se e em paço desajeitado, correu até à rua, meteu-se no carro e só parou no descampado, junto ao rio.

Quanto a mim, e não querendo desmentir Frangemelindo, que não é o meu propósito, nada senti; apenas um friozinho junto à nádega esquerda, nada mais do que isso.

 

Primeira parvoíce do meu dia: não senti o treme treme da madrugada passada.

E vocês, sentiram?

douro

 

este rio que me abraça

deste rio sem frio

só e sem barcaça

 

este rio que me ilumina

estes socalcos destemidos

este rio que me ensina

e me transmite pequenos gemidos

 

este rio

que é ou douro património mundial

este rio em fúria

nas páginas de um jornal

meu douro em cio,

meu douro que não há igual.

 

Deixei de ir a cafés como espaço de lazer. Como tenho máquina em casa, só tomo café em casa.

A Cristina convenceu-me a colocar o dinheiro de cada café que tome numa caixinha; coloco eu e coloca ela.

O poeta toma em média 5 cafés diários. A 0,80€ cada, no final do ano, a caixinha, só respeitante ao poeta tem aproximadamente, 1440€.

Como eu e a Cristina somos apaixonados por viagens e por fotografia, temos aqui uma ajuda para um fim-de-semana ou mini férias, ou na compra de livros.

Coisas simples que nos fazem felizes.

 

dormes.

pincelo o teu rosto com as estrelas do meu olhar,

e procuro no teu rosto,

as ondas do mar. e poiso no teu rosto…

os lábios do luar.

dormes.

domingo, 25 de agosto de 2024

Farol

 

Daqui vê-se o mar e veem-se os teus olhos

Daqui oiço o som do silêncio, quando o silêncio

É uma pequena magnólia que se esconde nos teus lábios.

Daqui sinto o perfume do teu cabelo, entrelaçado entre estrelas

E luares de Primavera.

Daqui, vê-se o mar e vê-se o teu sorriso…

Desenhado pela minha mão

Sobre a madrugada.