segunda-feira, 26 de agosto de 2024

 


Frangemelindo, homem de um só coração, borrou-se todo, quando sorrateiramente deitado sobre a cama, sentiu o treme treme da madrugada passada.

A cama baloiçava sobre as ondas sísmicas das cinco horas e onze minutos, o copo e a dentadura postiça, poisados sobre a mesa-de-cabeceira, acordaram mais tarde, junto à lareira e a janela desapareceu de uma só vez.

Devo estar bêbado, pensou ele.

E de bebedeira em bebedeira, e de treme treme em treme treme, lá foi ele aos poucos erguendo-se e em paço desajeitado, correu até à rua, meteu-se no carro e só parou no descampado, junto ao rio.

Quanto a mim, e não querendo desmentir Frangemelindo, que não é o meu propósito, nada senti; apenas um friozinho junto à nádega esquerda, nada mais do que isso.

 

Primeira parvoíce do meu dia: não senti o treme treme da madrugada passada.

E vocês, sentiram?

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