Frangemelindo, homem de um só coração,
borrou-se todo, quando sorrateiramente deitado sobre a cama, sentiu o treme treme
da madrugada passada.
A cama baloiçava sobre as ondas sísmicas
das cinco horas e onze minutos, o copo e a dentadura postiça, poisados sobre a
mesa-de-cabeceira, acordaram mais tarde, junto à lareira e a janela desapareceu
de uma só vez.
Devo estar bêbado, pensou ele.
E de bebedeira em bebedeira, e de treme
treme em treme treme, lá foi ele aos poucos erguendo-se e em paço desajeitado,
correu até à rua, meteu-se no carro e só parou no descampado, junto ao rio.
Quanto a mim, e não querendo desmentir Frangemelindo,
que não é o meu propósito, nada senti; apenas um friozinho junto à nádega esquerda, nada
mais do que isso.
Primeira parvoíce do meu dia: não senti
o treme treme da madrugada passada.
E vocês, sentiram?
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