Neste pedaço de vidro
Desenho o silêncio do meu
rosto,
Escrevo as lágrimas do
meu antigo rosto…
Neste pedaço de vidro,
Olho-o, olho-o incessantemente…
Até que este pedaço de
vidro,
Despede-se de mim
E ausenta-se no centro do
círculo da insónia.
Neste pedaço de vidro
Poiso as cores do meu
sorriso,
Semeio o meu silenciado
olhar…
Que desparece…
Neste pedaço de vidro.
Neste pedacinho de vidro
Escrevo os poemas à minha
amada,
Desenho a chuva,
Da chuva que cobre o
corpo da minha amada…
De desejo-azul…
A este pedaço de vidro
Vêm as estrelas de todo o
Universo…
E um punhado de
electrões,
Brincam neste pedaço de
vidro.
Alijó, 22/05/2023
Francisco Luís Fontinha