Eternamente belas
as flores de papel
que pintei no tecto do bairro (Madame Berman, Luanda)
entre as mangueiras solitárias
e o triciclo de madeira
suspenso nas frestas da saudade
e todas as noites regresso
e do portão de entrada
oiço as garças em silêncio no estuário do Tejo
e os barcos de xisto em desassossego para me encontrarem
e não percebem que morri
porque desisti das flores de papel
desisti do tecto do céu
e das esquinas onde me sento na cidade sem nome
desisti das portas invisíveis
onde todas as noites
construo milhares de flores de papel
desisti dos cigarros
e das garrafas de vodka
e vivo numa seara de livros
velho
entre quatro paredes em ruínas
nas crateras dos quintais do bairro sem sossego
das noites de abelhas sem desejo
nas clarabóias da insónia...
domingo, 12 de agosto de 2012
sábado, 11 de agosto de 2012
As tardes de papel
Dentro do medo
os legumes incisivos do orvalho
na rua do silêncio
olho o suicídio do rio
de encontro ao petroleiro desgovernado
cansado
com frio
dentro do medo
o ar-condicionado com escutas
para escutar o medo
e os legumes incisivos do orvalho
entre o cio de uma louca suspensa na copa de uma árvore
e LUDO (do livro Teoria Geral do Esquecimento, J E Agualusa)
dentro das paredes invisíveis do apartamento de Luanda
e aos poucos esqueço-me que estive em Luanda
inventei meninos e meninas da areia do Mussulo
quando a tarde era de papel
hoje
hoje sou um velho com olhos de vidro
e que vive dentro do buraco do medo
em busca dos legumes incisivos do orvalho
(Tenho saudades do SABALU, do livro Teoria Geral do Esquecimento, J E Agualusa)
quando eu galgava as mangueiras
e LUDO
e LUDO inventava um abraço só para mim...
e tudo morreu.
os legumes incisivos do orvalho
na rua do silêncio
olho o suicídio do rio
de encontro ao petroleiro desgovernado
cansado
com frio
dentro do medo
o ar-condicionado com escutas
para escutar o medo
e os legumes incisivos do orvalho
entre o cio de uma louca suspensa na copa de uma árvore
e LUDO (do livro Teoria Geral do Esquecimento, J E Agualusa)
dentro das paredes invisíveis do apartamento de Luanda
e aos poucos esqueço-me que estive em Luanda
inventei meninos e meninas da areia do Mussulo
quando a tarde era de papel
hoje
hoje sou um velho com olhos de vidro
e que vive dentro do buraco do medo
em busca dos legumes incisivos do orvalho
(Tenho saudades do SABALU, do livro Teoria Geral do Esquecimento, J E Agualusa)
quando eu galgava as mangueiras
e LUDO
e LUDO inventava um abraço só para mim...
e tudo morreu.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Livros sem nome
Acorrentado às palavras do amor
oiço da janela da solidão
os silêncios pigmentados na tela do desejo
procuro-te incessantemente nos livros sem nome
e apenas pequeníssimas migalhas de suor
minguam pela esplanada da insónia,
Ela hoje não vem.
oiço da janela da solidão
os silêncios pigmentados na tela do desejo
procuro-te incessantemente nos livros sem nome
e apenas pequeníssimas migalhas de suor
minguam pela esplanada da insónia,
Ela hoje não vem.
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Dizem que é uma pedra fina e rija
Dizem que a solidão
é uma pedra fina e rija
e vive nas montanhas da insónia
que é uma pedra com esqueleto de faca
para cortar os corações
e as flores que dormem nos jardins sem poesia
dizem que a solidão
uma noite
entrou dentro do corpo dele
que anda vestido de tristeza
e às vezes vêem-se lágrimas de papel
com pequeníssimos pingos de amanhecer.
é uma pedra fina e rija
e vive nas montanhas da insónia
que é uma pedra com esqueleto de faca
para cortar os corações
e as flores que dormem nos jardins sem poesia
dizem que a solidão
uma noite
entrou dentro do corpo dele
que anda vestido de tristeza
e às vezes vêem-se lágrimas de papel
com pequeníssimos pingos de amanhecer.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Estar só
Estar só
entre a chuva odiada
quando derramada
dentro dos alicerces do cansaço
à espera do sono
perdido na memória
estar só
sentado numa pedra sem nome
sem destino
sem futuro
sem caminho
entre a chuva odiada
estar só
no silêncio das palavras aparvalhadas
quando derramadas
nos canteiros com flores adormecidas
cansadas
fodidas
como eu
sem janelas
nem portas para o céu
estar só
como eu
sem tecto para poisar o meu esqueleto ensanguentado de insónia...
entre a chuva odiada
quando derramada
dentro dos alicerces do cansaço
à espera do sono
perdido na memória
estar só
sentado numa pedra sem nome
sem destino
sem futuro
sem caminho
entre a chuva odiada
estar só
no silêncio das palavras aparvalhadas
quando derramadas
nos canteiros com flores adormecidas
cansadas
fodidas
como eu
sem janelas
nem portas para o céu
estar só
como eu
sem tecto para poisar o meu esqueleto ensanguentado de insónia...
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