terça-feira, 5 de junho de 2012
segunda-feira, 4 de junho de 2012
na minha mão quando partir para longe
Quero que sejas o rio
invisível onde me sento todas as noites
a olhar os barcos ensonados
a fumarem o último cigarro da maré
quero que sejas o perfume da rosa
que toco docemente ao acordar
onde escrevo o primeiro poema da manhã
quero
os barcos ensonados
na minha mão quando partir para longe
e levar comigo as sombras do teu cabelo
para me orientarem nos azimutes da ressurreição
quero que sejas o rio
invisível
a olhar os barcos ensonados
à espera do último cigarro da maré
domingo, 3 de junho de 2012
sábado, 2 de junho de 2012
homem invisível
sem cigarros
para alimentar os silêncios da minha solidão
sem abraços
livros
ou palavras
sem árvores
ou pedaços de mar
sem nada para recordar
sem cigarros
fico invisível
sentado em duas cadeiras imaginárias
a contar os barcos de papel
que regressam de ontem
e nunca chegarão ao destino de amanhã
sem cigarros
os silêncios da minha solidão
livros
ou palavras
sem árvores
sem nada na minha mão
as sete madrugadas de inferno
Um cubo de vidro
alicerçado às tardes de primavera
do teu cigarro
vem o desejo de adormecer
escrevo dentro de mim
sílabas
vogais
consoantes
trigonometria
geometria
escrevo no fumo do teu cigarro
as sete madrugadas de inferno
um cubo de vidro
nos lençóis do teu corpo
embrulhado em mim
o cigarro das tardes de primavera
o céu
e as estrelas
dormem nos teus olhos minguados
pelas pálpebras de incenso
sílabas
vogais
consoantes
no cemitério da literatura.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
quase sempre eternamente só
deixei de ter tempo
vontade
alimento
deixei de ter os dias ao acordar
e as noites
quase sempre
eternamente
o inferno
ao deitar
deixei
as minhas mãos num calendário de parede
ao deitar
o inferno
alimento
vontade
de partir e deixar o mar
dormir no meu olhar
ao deitar
quase sempre
eternamente
só
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