sábado, 18 de fevereiro de 2012

A solidão dos plátanos

Finge-se de morto – O Poema
Quando poiso a caneta invisível na sua mão
E olho-o e ele olha-me – O poema
Seminu na garganta do cansaço
À mercê dos olhos de uma árvore
Longe da janela
Onde desaparecem as escadas em direção ao céu
E erguem-se mandibulas nas cores das estrelas

Crescem poemas na solidão dos plátanos
E num jardim imaginário
Descansa a solidão
No desejo das palavras

Finge-se de morto – O Poema
Quando poiso a caneta invisível na sua mão
E olho-o e ele olha-me – O poema

Que sobejou das minhas noites de insónia.

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Jardim


59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

Longa história

(a Uma Longa História, Gunter Grass)

Há sempre uma longa história
De amor
Sofrimento
Ou dor
Uma longa história
Que desce em nós até adormecermos
Uma história de miséria
Que não se apaga da memória
Há sempre uma longa história
De amor
Sofrimento
Ou dor

Quando a vida deixa de girar
Quando as árvores tombam nas arcadas do vento
Há sempre uma longa história
Que nunca se cansa de gritar

Que nunca cessa o movimento.