À espera de quem nunca virá
acariciar as faces doiradas da lua
à espera
à espera das estrelas de engano
com mãos de pano
e que fingem orgasmos na via láctea
à espera de quem nunca virá
desligar o interruptor da solidão
e não tenha medo de deixar
sobre a mesa invisível
o pão
e o mar
o pão e o mar
sobre as finas planícies da biblioteca
o amor com o sabor amargo das palavras cansadas
e beijos
o pão
e o mar
o dia antes de morrer
à espera de quem nunca virá
acariciar as minhas mãos macias
que roubei à lua
numa noite de verão
uma noite muito especial
o pão
e o mar
do dia antes de morrer.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Na boca do inferno gulosa da noite
O restante do meu corpo
na boca do inferno gulosa da noite
há flores com esparguete
e caldo de cebola
há moelas e miúdos de frango
e meninos queixinhas
em busca de poesia
há o mestre completamente embriagado
na vodka que sobejou das noites da calçada da Ajuda
e há a janela na puta da janela
por onde durante a noite se escapava a Marilú
com um pedaço de pão na algibeira
começava o espectáculo
de luz e cor
e Marilú voava entre as gaivotas da noite
e os amantes esquecidos nos sótãos da rua das flores
mil e novecentos Lisboa
e Marilú dançava
com um pedaço de pão na algibeira
acreditando ser o amanhecer
acreditando ser Lisboa.
na boca do inferno gulosa da noite
há flores com esparguete
e caldo de cebola
há moelas e miúdos de frango
e meninos queixinhas
em busca de poesia
há o mestre completamente embriagado
na vodka que sobejou das noites da calçada da Ajuda
e há a janela na puta da janela
por onde durante a noite se escapava a Marilú
com um pedaço de pão na algibeira
começava o espectáculo
de luz e cor
e Marilú voava entre as gaivotas da noite
e os amantes esquecidos nos sótãos da rua das flores
mil e novecentos Lisboa
e Marilú dançava
com um pedaço de pão na algibeira
acreditando ser o amanhecer
acreditando ser Lisboa.
quarta-feira, 27 de junho de 2012
A solidão que dói
A solidão que dói
nas mãos do xisto com dor
a montanha em lágrimas
sem sorrisos
nem flor
o corpo sem amor
a ribeira sem água
a solidão que dói
dói até ficar noite
e todas as coisas belas
belas morrerem
no silêncio da calçada
a solidão que dói
ai tanto que dói
o fingimento também dói
dói ao rio sem veleiros
a solidão que dói
nas mãos do xisto com dor
do céu sem estrelas
nem flor
o corpo sem amor
a solidão que dói
dói e não tem dor.
nas mãos do xisto com dor
a montanha em lágrimas
sem sorrisos
nem flor
o corpo sem amor
a ribeira sem água
a solidão que dói
dói até ficar noite
e todas as coisas belas
belas morrerem
no silêncio da calçada
a solidão que dói
ai tanto que dói
o fingimento também dói
dói ao rio sem veleiros
a solidão que dói
nas mãos do xisto com dor
do céu sem estrelas
nem flor
o corpo sem amor
a solidão que dói
dói e não tem dor.
terça-feira, 26 de junho de 2012
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Porque a chuva não é encarnada
Vossemecê enlouqueceu
só poderá ser
porque a chuva não é encarnada
e do céu
do céu não descem as trepadeiras
da amargura
vossemecê enlouqueceu
com tanta literatura
só poderá ser
e do céu
as palavras que sou proibido de escrever
vossemecê... tenha juízo menina mimada.
só poderá ser
porque a chuva não é encarnada
e do céu
do céu não descem as trepadeiras
da amargura
vossemecê enlouqueceu
com tanta literatura
só poderá ser
e do céu
as palavras que sou proibido de escrever
vossemecê... tenha juízo menina mimada.
domingo, 24 de junho de 2012
em silêncio
sinto-as
na esplanada vestida da tarde
sinto
sinto-as à procura das asas
nos destroços da noite
junto aos fios de luz da tempestade
as gaivotas
sinto-as
suspensas nas cordas do sonho
sinto-as
sufocadas na garganta do púbis amarrotado da noite
e todo o silêncio se transforma em poeira
(em silêncio)
na esplanada vestida da tarde
sinto
sinto-as à procura das asas
nos destroços da noite
junto aos fios de luz da tempestade
as gaivotas
sinto-as
suspensas nas cordas do sonho
sinto-as
sufocadas na garganta do púbis amarrotado da noite
e todo o silêncio se transforma em poeira
(em silêncio)
sábado, 23 de junho de 2012
É triste ser noite
É triste ser noite
e dormir em todos os leitos
e caminhar em todas as ruas
florestas
campos sem pátria
é triste ser noite
sentada nas coxas de um rio
é triste ser noite
encalhada nas entranhas dos socalcos
é triste ser noite
nas garras da montanha
ou no púbis de uma qualquer ribeira
é triste ser noite
noite sem estrelas
é triste ser noite
noite sem luar
é triste
muito triste
é triste muito triste
ser a noite sem noite.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
quinta-feira, 21 de junho de 2012
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